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"Paixão e Sedução" tem estilo

O diretor Jonathan Teplitzky conta a história de amor entre Cin e Josh, no melhor estilo. Reproduz o que dizem e pensam. Às vezes dizem uma coisa e pensam outra. Ou, os pensamentos atravessam os diálogos

Por Agencia Estado
Atualização:

Nesta época de politicamente correto, em que tantos filmes exaltam as sexualidades, digamos, alternativas - e é bom que o façam -, também é bom ver um filme como Paixão & Sedução, que lembra como as histórias de homens e mulheres continuam sendo divertidas, espirituosas e inteligentes. No original, chama-se Better than Sexo. Melhor que sexo. Pense em quantas coisas existem melhores do que aquilo que Rita Lee canta como "deitar e rolar com você". Comida, uma boa música, um bom livro, um bom filme? Para o diretor Jonathan Teplitzky, melhor que o sexo só o amor, "até porque o amor traz sempre embutida para a gente a idéia gostosa do sexo". O filme que estréia nesta sexta-feira conta a história de Cin e Josh. Conhecem-se numa festa, dividem um carro na saída e o espectador acompanha os pensamentos dos dois. Ela acha que será uma boa levá-lo para seu apartamento e... Ele também fantasia se a convida para... Passam a noite juntos, depois outra noite e a relação casual vai ficando mais intensa. A questão é: até onde chegará? Teplitzky conversou pelo telefone com a reportagem. Mora em Sidney. Pela diferença de horário, a entrevista foi feita em circunstâncias singulares: era dia na Austrália e madrugada no Brasil. A animação do diretor contagiou o repórter. É a mesma euforia - de dirigir, interpretar - que transforma o ato de ver Paixão & Sedução numa experiência gratificante. Embora australiano, Teplitzky morou muito tempo em Londres. Freqüentava um grupo de garotas e conta que foi muito influenciado pela maneira despudorada como elas falavam de relacionamentos. Desde então, acalentava a idéia de fazer um filme que colocasse na tela aquelas conversas francas. Há, em Paixão & Sedução, o que os personagens dizem e o que eles pensam. Às vezes dizem uma coisa e pensam outra. Às vezes, os pensamentos irrompem de maneira inesperada nos diálogos. Quando isso ocorre, o resultado é quase sempre cômico. Teplitzky queria fazer um filme sobre as possibilidades decorrentes do encontro de duas pessoas. Cin e Josh imaginam que vão passar uma noite juntos e ela poderá ser agradável. Só que vão se envolvendo e... Há cenas que parecem óbvias, mas são engraçadas. Josh levanta da cama e vai fazer xixi. Ela se incomoda com o som e pensa: será que ele levantou a tampa? Como se ouvisse o pensamento da parceira, Josh tem uma reação divertida. É um filme sobre os pequenos momentos de duas pessoas que não se conhecem bem. Isso não é novidade no cinema. Nos anos 60, Peter Yates fez John e Mary com Dustin Hoffman e Mia Farrow e, nos 80, Arnaldo Jabor refez, de certa forma, aquele filme. Chamou-se Eu Te Amo, era interpretado por Sônia Braga e Paulo César Pereio e tinha mais sexo. O sexo de Paixão & Sedução começa sem compromisso. Cin e Josh imaginam que será uma só noite , mas Teplitzky, que também escreveu o roteiro, queria discutir o que pode acontecer a partir dessa presumível única noite. Você pode achar que, em tempos de aids, a aceitação de uma idéia de compromisso é decorrência do politicamente correto que impõe a defesa do sexo seguro. É e não é, diz o diretor-roteirista. Quantas pessoas você conhece que querem passar pela vida só galinhando, sem uma relação sincera? Sendo um filme de poucos atores e muitos diálogos, era indispensável que Paixão & Sedução tivesse os atores certos nos papéis. Teplitzky nunca teve dúvida de que David Wenham, um megastar da TV australiana desconhecido fora do país, seria perfeito. Mas achava que seria difícil convencê-lo. Não foi: Wenham adorou o roteiro. Nunca houve outra opção para Cin. Desde que conheceu Susie Porter, o diretor ficou convencido de que faria o filme com ela - ou desistiria. Há um terceiro personagem importante, o motorista de táxi. Virou a motorista. Kris McQuade é extraordinária. Sem ela o filme não seria a mesma coisa.

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