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"Pacto dos Lobos", um "Amélie" para homens

Superprodução de época com elementos fantásticos e muita pancadaria é a aposta do cinema francês para fazer frente aos filmes de ação americanos

Por Agencia Estado
Atualização:

Houve em Cannes, durante o festival em maio, um amplo debate para discutir a presença do cinema francês nas telas de todo o mundo. Organizado pela Unifrance e por Cahiers du Cinéma, que dedicou um encarte ao assunto, o tal debate reuniu muita gente tentando entender, ou explicar, como e por que a França consegue se oferecer como alternativa à produção de Hollywood. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain foi um filme bastante citado. O Pacto dos Lobos foi outro. O primeiro fez 7, quase 8 milhões de espectadores somente na França. O segundo passou de 5 milhões. E ambos colheram números expressivos no mercado externo. O Pacto dos Lobos estréia nesta sexta-feira em São Paulo. Se Amélie era um filme de mulheres, O Pacto é um filme de homens. Pancadaria pura com um grande astro das artes marciais, o mesmo Mark Dacascos que estrelou O Combate - As Lágrimas do Guerreiro, baseado no mangá Crying Freeman, com direção de Christopher Gans, que agora assina O Pacto. Dacascos é um grande lutador. Acrescenta algo misterioso à sua persona cinematográfica, esculpida no filme anterior. Faz um índio do Novo Mundo que irrompe na França do século 18 quando o Velho Mundo está prestes a arder no fogo da Revolução Francesa. Dacascos fala com os lobos, as árvores. É uma fantasia do diretor Gans. Todo o filme é uma fantasia, mas na origem de O Pacto dos Lobos está um episódio que realmente ocorreu. Na França do século 18 foram cometidos brutais assassinatos na região de Gévaudan. Criou-se a lenda da fera (ou da besta) de Gévaudan. Gans arrisca sua interpretação nada realista. Começa o filme pelo fim, quando um aristocrata ignora a revolução que bate à sua porta - e pode levá-lo à guilhotina - para escrever febrilmente a ?verdadeira? história da besta. Essa história envolve o pacto dos lobos a que se refere o título. Gans imagina uma conspiração dos católicos para acuar o rei, fazendo frente às investidas da plebe, que se organiza e passa a lutar por direitos. Samuel Le Bihan é o protagonista. Vai para Gévaudan com Dacascos para investigar a besta. Apaixona-se por uma aristocrata local e faz descobertas assombrosas sobre a natureza do monstro. Gans fez um filme que é uma colcha de retalhos. Mistura romance e lutas com ecos de O Garoto Selvagem, de François Truffaut, que adora. O tema é o conflito entre instinto e cultura repressora. Ao romance um tanto platônico de Le Bihan e Emilie Duquenne superpõem-se as cenas de sexo entre o mesmo Le Bigan e a arrasadora Monica Bellucci (mulher de Vincent Cassel, que também está no elenco). É tudo extravagante, mas divertido. Ah, sim. O Pacto fez o maior sucesso na Polônia. Bateu as rendas de Titanic no país do papa. Veja para descobrir por quê. Serviço - O Pacto dos Lobos (Le Pacte des Loups) ?Aventura. Dir. Christophe Gans. Fr/2001. Dur. 147 min. 14 anos.

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