"Outono em Nova York" sai em vídeo

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Por Agencia Estado
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Convencional. A palavra tem uma conotação pejorativa muito forte. Pode ser substituída por tradicional. Outono em Nova York desenvolve uma dramaturgia bastante tradicional, convencional mesmo. É a velha história da fera domada pela bela. Um homem egoísta e egocêntrico, que usa as mulheres com medo do amor, encontra uma garota que subverte, com a simples presença, seu esquema de vida. Mas não é fácil, para ele, admitir que está apaixonado. Não é fácil, também, para a garota, porque ela tem os dias contados. É paciente terminal. Ele é Richard Gere, com aqueles cabelos grisalhos que mexem com as mulheres e o sorriso, levemente triste, que o transformou em mito romântico. Ela é Winona Ryder. E o filme é dirigido por Joan Chen, a atriz de Bernardo Bertolucci em O Último Imperador. Qualquer pessoa que queira considerar Outono em Nova York uma obra de arte deveria ter sua cabeça examinada. Mas não é ruim. Revela sensibilidade no tratamento do tema. Há mesmo um belo diálogo - Gere dizendo a Winona que ela o matou para as outras mulheres. Ela retruca - eu o salvei para elas. É o tema de Outono em Nova York. O egocêntrico que aprende a amar pelo sacrifício. Há idéias no filme que podem ser atribuídas ao roteiro. Assim, o relógio que Winona surrupia a Gere e só volta para ele em circunstâncias penosas. Um amor vivido fora do tempo ou contra o tempo e a reinserção do homem no fluxo da vida. Essa talvez seja uma idéia de roteirista, mas há outras, em Outono em Nova York, que só podem nascer de um verdadeiro temperamento de cineasta. É um filme sobre Nova York - no outono, no inverno e, finalmente, na primavera, quando, consumado o drama, os sobreviventes assumem a segunda chance (esse tema soberano da produção de Hollywood). Joan Chen integra Nova York à sua narrativa. A cidade está sempre presente. Reflete-se até nas janelas dos carros. Joan Chen não é uma grande diretora. Seu filme é um produto comercial, de linha, mas não é destituído de bom gosto e delicadeza. Ela aprendeu algumas lições com o mestre Bertolucci. Não é uma diretora das que, em Hollywood, tentam afirmar-se com as armas dos homens, mostrando, como Mimi Leder em O Pacificador, que podem fazer o cinema de bordoada tão bem quanto eles. Outono em Nova York (Fall in New York). EUA, 2000. Direção de Joan Chen. Vídeo da Europa

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