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Oscar 2021: 'Nomadland' é mais original e tocante, mas 'Minari' corre por fora

Cerimônia virtual está marcada para o dia 25 de abril, com transmissões ao vivo de vários locais

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Aberto o envelope e divulgados os concorrentes a melhor filme no Oscar 2021: Meu Pai, Judas e o Messias Negro, Mank, Minari - Em Busca da Felicidade, Nomadland, Bela Vingança, Som do Silêncio e Os Sete de Chicago. Quais os destaques, entre esses escolhidos?

Bem, Mank parece sair na ponta, com dez indicações. Mas, em premiações anteriores, o longa, que conta os bastidores da criação de Cidadão Kane e reabilita a figura do roteirista Herman Mankiewicz, tem sido muito indicado mas não tem levado tantos prêmios. Como se as partes fossem todas boas, mas o conjunto, não. 

Cena do filme 'Minari', com Steven Yeun e Alan S. Kim, deLee Isaac Chung Foto: Diamond Films

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Nomadland com seis indicações, tem levado prêmios por onde tem passado. Seu aproveitamento é melhor. Pode ser considerado o favorito em diversas categorias, como melhor filme, direção (Chloé Zhao) e atriz (Frances McDormand). Coloca em foco os filhos perdidos da recessão nos Estados Unidos, que se deslocam, de forma incessante, em seus trailers, sem pousada fixa nem destino. É um registro factual e metáfora sobre o pesadelo em que se pode transformar o famoso “sonho americano”. Muito original, situa-se numa fronteira bem contemporânea, entre o documentário e a ficção. 

Judas e o Messias Negro é um filme forte sobre um caso de infiltrado entre os Panteras Negras que redundou no assassinato do líder Fred Hampton, interpretado por Daniel Kaluuya, que concorre a melhor ator coadjuvante. Pelo mesmo filme, e na mesma categoria, concorre Lakeity Stanfield. 

Os Sete de Chicago é outro filme com temática política, sobre uma manifestação contra a Guerra do Vietnã, em que sete ativistas são levados ao tribunal num julgamento de cartas marcadas. É forte, intenso e bem interpretado. 

Frances McDormand em cena do filme 'Nomadland' Foto: Joshua James Richards

Bela Vingança é um caso de mulher assediada que se dedica a punir a masculinidade tóxica. Com bela atuação de Carey Mulligan, tem agradado muito ao público, sobretudo a plateias jovens pois em sintonia com o espírito do tempo. Sua diretora, Emerald Fennell, está indicada em sua categoria. 

O Som do Silêncio, história de um baterista que se torna surdo, também tem sido bem cotado. Talvez não tenha força para vencer nas principais categorias, mas deixa impressa sua marca. 

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Tudo somado, entendo que Nomadland é o filme a ser destacado. Mais completo, original e tocante, sem deixar de ser reflexivo, tem tudo para vencer. 

Gary Oldman em cena do filme 'Mank', de David Fincher Foto: Netflix

Mas há também Minari - Em Busca da Felicidade, que corre por fora. É uma história bonita, a saga de imigrantes da Coreia e suas dificuldades de adaptação. Falado em coreano a maior parte do tempo, é produção norte-americana e passa-se inteiramente nos Estados Unidos. Pode surpreender. 

Por fim, uma palavra sobre a categoria melhor documentário, que apresenta uma bela seleção de concorrentes. Entre eles, o criativo chileno The Mole Agent (Agente Duplo), uma maneira super original (e bem-humorada) de registrar a vida numa clínica de idosos. Collective é um filme-denúncia sobre um caso rumoroso de corrupção na saúde pública que causou a morte de várias pessoas na Romênia. Crip Camp - Revolução pela Inclusão revisita um acampamento dos anos 1960 que reabilitava pessoas deficientes dando-lhes melhores condições de vida. Time é a história de uma mulher que luta para tirar seu marido da prisão, condenado a 60 anos de encarceramento por roubo a banco. E Professor Polvo é um encantador filme de natureza que mostra um mergulhador tentando se aproximar de um polvo ao longo de um ano de paciente convivência. A competição equilibrada, mas a torcida fica para Agente Duplo, diferente entre todos, humano e divertido. 

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