
25 de fevereiro de 2019 | 01h57
Virou prioridade da Academia – depois que a transmissão da cerimônia de premiação do ano passado chegou a quatro horas e registrou a pior audiência da história, ‘apenas’ 26,5 milhões de telespectadores nos EUA, a meta deste ano era ficar no limite das três horas. Quase deu. Passou um pouco, mas foi por uma boa causa. Na etapa final, os Oscars surpreenderam. Melhor ator, para Rami Malek, o Freddie Mercury de Bohemian Rhapsody, e ele, filho de um imigrante egípcio – a primeira geração norte-americana da família –, destacou não apenas isso, mas estar interpretando um homem gay, para fazer um discurso político pró-aceitação e contra homofobia. Melhor atriz, Olivia Colman, de A Favorita, derrotando Glenn Close, cuja vitória todo mundo dava como certa. Olivia estava tão emocionada que se deixou levar. Como não tinha preparado nada, disse o que lhe veio à mente. Foi aplaudida de pé, e Glenn Close agora fez história como a atriz com o maior número de indicações a nunca receber o prêmio.
Alfonso Cuarón venceu como melhor diretor, por Roma. Em 2014, ele iniciou a série de vitórias de cineastas mexicanos, com Gravidade. Vieram depois Alejandro González-Iñarritu, por Birdman e O Regresso, e Guillermo Del Toro, no ano passado, por A Forma da Água. Cuarón venceu também os prêmios de fotografia e melhor filme estrangeiro. Na entrada para a festa, ele já havia dito que narrar sua infância pelo ângulo da babá amada era uma forma de levantar uma discussão social, e no México o filme virou bandeira pelos direitos (inexistentes) das domésticas. “Vivemos uma era em que somos estimulados a não olhar para o outro, mas nós olhamos e é a função da arte.”
E veio o Oscar de melhor filme – para Green Book – O Guia, que já recebera o prêmio do Sindicato dos Produtores. A estatueta destacou um bom filme, mas não o melhor, e menos ainda depois que tantos atores e técnicos negros foram premiados, e Barbra Streisand fez aquela apresentação para Infiltrado na Klan, e Alfonso Cuarón somou tantas vitórias. O Oscar de 2019 destacou a diversidade. Os 20 minutos a mais passaram batidos. A cerimônia começou pontualmente às 22h, horário do Brasil, com Adam Lambert e a celebração da banda Queen. Punhos levantados, a plateia inteira cantou We Are the Champions. O primeiro prêmio, de melhor atriz coadjuvante, foi para Regina King, de Se a Rua Beale Falasse. Regina fez um discurso lindo de agradecimento à mãe. Ter sido uma criança amada lhe permitiu chegar até ali. “Thanks, mommy.” Na primeira fila, sua mãe chorava copiosamente.
As apresentadoras do primeiro prêmio, entre elas Tina Fey, anunciaram o que já se sabia. Não haveria âncora – e Maya Rudolph acrescentou que o México não ia pagar pelo muro. Gargalhada geral. Javier Bardem, ao apresentar com Angela Bassett o Oscar de filme estrangeiro, no tema do muro – “Não existem muros capazes de segregar o talento.” Apresentado por Stephan James, de Se a Rua Beale Falasse, o Oscar de maquiagem foi para Vice, em que Christian Bale e Amy Adams estão realmente fantásticos, obesos e envelhecidos, interpretando o ex-vice-presidente Dick Cheney e a mulher. Irreconhecível emulando os coelhos da rainha de A Favorita, Melissa McCarthy anunciou o Oscar para costume design/figurinos – que foi para Pantera Negra. Jennifer Lopez e Chris Evans apresentaram os finalistas para ‘production design’ – e o prêmio também foi para Pantera Negra, que ainda venceu o prêmio de trilha, para Ludwig Goranssom.
Ainda na celebração de artistas negros no Oscar, Spike Lee recebeu seu primeiro prêmio da Academia – de roteiro adaptado – por Infiltrado na Klan. E Mahershala Ali repetiu, por Green Book – O Guia, a estatueta que recebera há dois anos por Moonlight – Sob a Luz do Luar. Foi sucinto, e agradeceu à sua avó, que o ensinou a pensar positivo – “Sem ela no meu ouvido, me incentivando a querer, a sonhar, não teria chegado aqui.” O prêmio de edição de som interrompeu a série de vitórias de Pantera Negra e, compreensivelmente, foi para Bohemian Rhapsody, que emendou em seguida o de mixagem de som e o de montagem. Com o prêmio para Rami Malek, Bohemian Rhapsody somou quatro estatuetas.
Melhor longa de animação? Homem-Aranha no Aranhaverso. Melhor curta – Bao, o primeiro da Pixar dirigido por uma mulher, Domee Shi. À meia-noite, exatamente, um momento mágico. Lady Gaga ao piano, cantando com seu diretor e parceiro de cena – Bradley Cooper – o tema de Nasce Uma Estrela. Gaga ganhou o prêmio de canção por Gaga. Chorou no palco e deixou mensagem de esperança. “Eu sonhei muito com isso. Com trabalho, perseverança e talento, sonhos se realizam.” O prêmio de melhor documentário, anunciado por Helen Mirren e Jason Momoa, o Aquaman, destacou Free Solo, na National Geographic. O filme narra os bastidores da façanha de Alex Honnold, que conseguiu escalar El Capitán, o paredão de 975 metros, o mais alto do mundo que alguém já enfrentou, em Yosemite, sem cordas nem equipamento de proteção.
No cômputo geral, foi um Oscar que vai marcar pelas surpresas. Num momento sempre emocionante, o da homenagem aos mortos, a Academia conseguiu inclui Bruno Ganz e Albert Finney, mas ficou de fora o grande diretor Stanley Donen, que morreu no fim de semana. / COLABOROU UBIRATAN BRASIL (ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES)
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24 de fevereiro de 2019 | 22h11
Às 22h deste domingo, 24, pelo horário de Brasília, teve início a cerimônia de entrega das estatuetas da 91ª edição do Oscar, o maior prêmio do cinema mundial.
O plano era que toda a festa televisiva durasse cerca de três horas, apenas. Atrasou apenas 15 minutos. Às 01h13 da segunda-feira, pelo horário de Brasília, Green Book: O Guia, venceu como o melhor filme do ano.
Este ano, os filmes Roma, de Alfonso Cuarón, e A Favorita, de Yorgos Lanthimos, lideravam as indicações com 10 para cada.
A cerimônia, que este ano não tem um mestre de cerimônias, começou com um show da banda Queen, acompanhada do cantor Adam Lambert. O grupo fez uma homenagem ao longa que conta a sua história e a do cantor Freddie Mercury, Bohemian Rhapsody, que concorre a melhor filme.
O longa, aliás, conquistou quatro prêmios na cerimônia, o melhor resultado, em números. Levou de edição (montagem), mixagem de som, edição de som e o mais esperado, que já era favorito, de melhor ator para Rami Malek.
O primeiro prêmio da noite foi entregue por Tina Fey, Amy Poehler e Maya Rudolph, que fizeram um divertido discurso de abertura. Regina King, de Se a Rua Beale Falasse, foi a escolhida como melhor atriz coadjuvante.
O filme Pantera Negra se destacou ao somar três estatuetas, uma de melhor design de produção, outra de melhor figurino e mais uma de melhor trilha sonora.
Roma ganhou três. Além de vencer como melhor filme em língua estrangeira, o cineasta Alfonso Cuarón ganhou o prêmio pela fotografia do filme e seu segundo Oscar de melhor diretor. Perdeu roteiro original para Green Book: O Guia, que também ficou com três, após render a Mahershala Ali seu segundo Oscar como ator coadjuvante.
A surpresa da noite foi para o prêmio de melhor atriz. A favorita era Glenn Close, de A Esposa, que estava em sua sétima indicação, sem nunca ter vencido. Mas venceu Olivia Colman, dando o único prêmio ao líder de indicações da noite, A Favorita.
Veja, abaixo, a lista completa de vencedores do Oscar 2019.
Green Book: O Guia (Vencedor)
Spike Lee, Infiltrado na Klan
Pawel Pawlikowski, Guerra Fria
Yorgos Lanthimos, A Favorita
Alfonso Cuarón, Roma (Vencedor)
Adam McKay, Vice
Yalitzia Aparicio, Roma
Glenn Close, A Esposa
Olivia Colman, A Favorita (Vencedora)
Lady Gaga, Nasce uma Estrela
Melissa McCarthy, Poderia Me Perdoar?
Christian Bale, Vice
Bradley Cooper, Nasce uma Estrela
Willem Dafoe, No Portal da Eternidade
Rami Malek, Bohemian Rhapsody (Vencedor)
Viggo Mortensen, Green Book: O Guia
Amy Adams, Vice
Regina King, Se a Rua Beale Falasse (Vencedora)
Emma Stone, A Favorita
Rachel Weisz, A Favorita
Mahershala Ali, Green Book: O Guia (Vencedor)
Adam Driver, Infiltrado na Klan
Sam Elliot, Nasce uma Estrela
Richard E. Grant, Poderia Me Perdoar?
Sam Rockwell, Vice
Nunca Deixe de Lembrar (Alemanha)
Roma (México) [Vencedor]
Assunto de Família (Japão)
Mirai
Wifi Ralph: Quebrando a Internet
Homem-Aranha: No Aranhaverso (Vencedor)
Deborah Davis e Tony McNamara, A Favorita
Paul Schrader, No Coração da Escuridão
Nick Vallelonga, Brian Currie e Peter Farrelly, Green Book: O Guia (Vencedores)
Alfonso Cuarón, Roma
Adam McKay, Vice
Joel Coen e Ethan Coen, A Balada de Buster Scruggs
Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel e Kevin Willmott, Infiltrado na Klan (Vencedores)
Nicole Holofcener e Jeff Whitty, Poderia Me Perdoar?
Barry Jenkins, Se a Rua Beale Falasse
Bradley Cooper, Will Fetters e Eric Roth, Nasce uma Estrela
All the Stars (Mark Spears, Kendrick Lamar, Anthony Tiffith e Solana Rowe), Pantera Negra
I'll Fight (Diane Warren), RBG
The Place Where Lost Things Go (Marc Shaiman e Scott Wittman), O Retorno de Mary Poppins
Shallow (Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt), Nasce uma Estrela (Vencedor)
When a Cowboy Trades His Spurs for Wings (David Rawlings e Gillian Welch), A Balada de Buster Scruggs
Pantera Negra (Vencedor)
Se a Rua Beale Falasse
Nunca Deixe de Lembrar
Roma (Vencedor)
Bohemian Rhapsody (Vencedor)
Pantera Negra (Vencedor)
Duas Rainhas
Pantera Negra (Vencedor)
Border
Duas Rainhas
Vice (Vencedor)
Bohemian Rhapsody (Vencedor)
Bohemian Rhapsody (Vencedor)
O Primeiro Homem (Vencedor)
Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível
Free Solo (Vencedor)
Hale County This Morning, This Evening
Minding the Gap
Of Fathers and Sons
Period. End of Sentence (Vencedor)
Skin (Vencedor)
Bao (Vencedor)
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24 de fevereiro de 2019 | 23h15
O futuro é feminino. E, em Hollywood e no Oscar 2019, o presente também. Sob pressão do meio artístico e de mulheres famosas e altamente articuladas, a indústria cinematográfica se esforça e se policia para ser um exemplo de igualdade entre os gêneros. Assim sendo, o tapete vermelho serviu de palco para as atrizes que brilharam em cena reafirmarem seu poder.
Oscar 2019 foi a noite de Alfonso Cuarón
Em termos de moda, esse momento empoderado rendeu vestidos de gala glamourosos, de alta-costura, com tules em ombros empinados e saias vaporosas, fendas ousadas, babados em camadas e uma cartela de cores sortida, passeando entre o amarelo, o vermelho, o pink e os tons pastel e os metalizados.
Ninguém apostou no minimalismo. O momento não é para modéstia, e a moda caminha para a retomada de uma elegância clássica. Algumas, no entanto, perseguiram uma estética aliada à modernidade.
Entre as mais chiques estavam Charlize Theron, sempre matadora, dessa vez com um vestido cinza azulado com ombros marcados da Dior, e Brie Larson, vencedora do Oscar de melhor atriz no ano passado e nome disputado entre as marcas de luxo hoje em dia. No domingo, 24, ela foi de Céline. Destaque também para Amy Adams, de silhueta sereia meio vintage, e Emma Stone, num longo com brocados geométricos em marrom, da Louis Vuitton. Ambas, alias, estão sempre na linha das mais bem vestidas.
A veterana Glenn Close, com cabelos curtos e brancos e um longo dourado, com capa longa e cauda, de Carolina Herrera também brilhou. No tapete vermelho, porém, nenhuma mulher chamou mais atenção do que Lady Gaga. Ela, na contracorrente, foi de tomara-que-caia preto com luvas longas, tudo Alexander McQueen. O coque elegante nos cabelos tingidos de branco arrematava o visual. Nas redes sociais, só perdeu em likes e engajamento para, veja a ironia, um homem de vestido: Billy Porter. Na era da moda sem gênero, nada mais apropriado.
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