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Os irmãos Dardenne podem ser vistos em dose dupla na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Dupla dirige 'A Garota Desconhecida' e produze 'Hedi'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Vencedor de dois prêmios importantes no Festival de Berlim, em fevereiro – melhor filme de diretor estreante (Mohammed Ben Attia) e melhor ator, para Majid Mastoura – Hedi é 100% fiel ao espírito da Mostra, que abre janelas para a diversidade, revelando cinematografias que normalmente não são frequentes nas telas comerciais do País. Mesmo o cinéfilo de carteirinha há de concordar que filmes da Tunísia, exceto em programações muito especiais, raramente chegam ao Brasil. Muitas vezes, quando isso ocorre, o foco está na condição da mulher, em culturas muito tradicionais, que a colocam à sombra, ou na dependência dos homens, sejam pais, maridos ou irmãos mais velhos.

Um pouco da originalidade de Hedi está no protagonista homem. É ele quem vive segundo expectativas que a família, e especialmente a mãe, colocaram sobre seus ombros. A mãe é uma tirana em Hedi. Reina no seu espaço doméstico. Manipula o filho. Ele se deixa levar, permitindo que outros escolham por ele. Quando o filme começa, Hedi – é seu nome – está para se casar. A cerimônia e a festa não apenas estão marcadas, como vão ocorrer em seguida. E é nesse momento que o filho conhece uma mulher de temperamento libertário, que vai tumultuar sua vida programada e descortinar possibilidades. Não apenas sexo, prazer. A vida além fronteiras, num mundo menos vinculado àqueles valores sociais, religiosos. E ele vai ter de escolher.

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Investigando, ela se torna vulnerável. Descobre coisas (sobre seus pacientes), recebe ameaças. Com Adèle (Haenel), voltam atores conhecidos dos Dardenne – Olivier Gourmet, Jérémie Renier. O problema com os diretores é que eles não estão sabendo se renovar. Talvez arrisquem hoje como produtores, mas como ‘autores’ batem no mesmo universo, repetem a mesma gramática. Começam a cansar e, por isso, Hedi é tão melhor.

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