'Os Desafinados' traz clima bossa nova em plena ditadura

Dirigido pelo veterano Walter Lima Júnior, filme traz estrelas como Rodrigo Santoro e Alessandra Negrini

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Por Alysson Oliveira e da Reuters
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Dirigido pelo veterano Walter Lima Júnior (Menino de Engenho, A Ostra e o Vento), Os Desafinados combina em seu elenco atores e músicos para contar a história de uma banda fictícia nos idos da bossa nova. O filme, com roteiro assinado pelo cineasta e por Susana Macedo, estréia nesta sexta-feira, 29, no país e traz Rodrigo Santoro, Selton Mello, Claudia Abreu, Alessandra Negrini e os músicos Jair Oliveira e André Moraes. Veja também: Trailer de 'Os Desafinados'  Na condução da narrativa há um diálogo entre passado e presente. Nos dias atuais, a morte da cantora brasileira Gloria Baker (Claudia) na Itália serve como pretexto para a reunião de um grupo de amigos, que vão realizar um documentário para a televisão sobre uma banda chamada Os Desafinados. Dico (Arthur Kohl) é o cineasta que organiza a reunião dos colegas Davi (Genésio de Barros), PC (Antonio Pedro) e Geraldo (Bené Silva). Enquanto preparam o filme e gravam seus depoimentos, o trio de músicos vai reconstruindo a história da banda e a relação deles com a cantora. A trupe também contava com Joaquin (Santoro), que numa viagem a Nova York - onde Os Desafinados sonhavam se apresentar - ele conheceu a brasileira Gloria tocando flauta num parque. Foi amor à primeira vista, e ela logo alojou os outros membros da banda, que estavam também na cidade. À medida que Joaquin se envolve com a moça, começa a se armar um conflito em seu coração. Ele é casado com Luiza (Alessandra), que deixou grávida no Brasil. O sonho de vencer no exterior se torna cada vez menos provável para o grupo - embora tenham vendido os direitos de uma música. A volta se torna inevitável, pois Gloria não pretende ficar com um homem casado e a imigração deporta Geraldo e Davi (Oliveira e Paes Leme, nos flashbacks). No Brasil, os tempos também começam a ficar sombrios, com o golpe militar. Dico (Mello) dirige um filme - mas tem sérios problemas com a censura por sua temática social. Aos poucos, Os Desafinados mostra um retrato nostálgico e melancólico de uma geração. Comparando o passado e o presente dos amigos, o diretor explora o fim dos sonhos, que sempre ficaram em segundo plano. Diversos episódios reais serviram de inspiração ao diretor e à co-roteirista, como a repressão a um show de protesto no final da década de 1960, numa faculdade no Rio de Janeiro, e o desaparecimento de um músico brasileiro na Argentina, que saiu para comprar cigarros e nunca mais foi encontrado. Com direção musical de Wagner Tiso - que já havia trabalhado com o diretor em filmes como Inocência e A Ostra e o Vento -, Os Desafinados conta também com a participação dos atores na trilha. Santoro inclusive aprendeu a tocar piano para compor seu personagem. Já Oliveira, Moraes e Paes Leme cogitam montar uma banda e fazer apresentações pelo país. Em 2008, Os Desafinados participou de diversos festivais e recebeu prêmios. No Cine Ceará, levou prêmio de trilha e um troféu especial do júri. Em Paulínia, ganhou melhor atriz (Claudia Abreu) e ator coadjuvante (Paes Leme). No Festival de Guadalajara, no México, recebeu o troféu de melhor fotografia, assinada por Pedro Farkas (Não Por Acaso).

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