Oliver Stone mira contra bancos em sequência de 'Wall Street'

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Por MIKE COLLETT-WHITE
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O diretor Oliver Stone vai mirar contra o sistema bancário dos EUA este ano na sequência de "Wall Street - Poder e Cobiça", seu filme dos anos 1980 sobre os excessos do setor financeiro, e Michael Douglas vai retomar seu papel de Gordon Gekko, que lhe valeu um Oscar. O vilão do filme de 1987 era o investidor inescrupuloso Gekko, mas em "Wall Street 2", que fará sua estreia no festival de Cannes, este mês, os vilões são os próprios bancos. "O filme original de 1987 era sobre esses bandidos (como Gekko) que entraram no sistema", disse à Reuters em entrevista telefônica o diretor três vezes premiado com o Oscar. "Não era sobre o sistema em si. O filme não questionava os bancos. Os bancos de investimentos não exerciam o mesmo papel que hoje, naquela época." De acordo com Stone, na vida real o papel de Gekko foi assumido pelos gerentes de fundos hedge e depois por bancos de investimentos, algo ao qual ele é contra. "Antigamente os bancos eram lugares sem graça, e existem argumentos fortes para querermos que continuem assim", disse Stone, que tem fama de encarar temas difíceis, desde a Guerra do Vietnã e o assassinato de John F. Kennedy até os ataques de 11 de setembro de 2001. "Nosso filme atual fala muito sobre os bancos que buscam lucros para eles próprios, não para seus clientes. Eles (os bancos) perderam a função de agenciamento que era sua finalidade original", disse o cineasta. ENTRETENIMENTO EM PRIMEIRO LUGAR Ao mesmo tempo em que "Wall Street 2" trata de questões sérias, Stone ressaltou que o filme é sobretudo uma obra de entretenimento. "Eu não teria feito esse filme se não pensasse que poderia tornar a história instigante", explicou. "Acho que uma das coisas que tenho conseguido fazer ao longo dos anos é pegar temas complexos e torná-los acessíveis, obras de entretenimento - o tipo do filme em que você quer saber o que vai acontecer a seguir e que tem suspense." "Wall Street 2" chega aos cinemas em 24 de setembro e traz Shia LaBeouf no papel de Jake Moore, corretor de ações bem-sucedido que namora Winnie (Carey Mulligan), a filha de Gordon Gekko. Frank Langella é o mentor de Moore, cujo banco de investimentos tem bilhões de dólares em dívidas podres, e Josh Brolin faz Bretton James, que quer comprar o banco por uma fração de seu valor. Gordon Gekko saiu da cadeia, onde cumpriu pena por fraude com securities, e está promovendo seu novo livro, "A Cobiça É Boa?", enquanto busca se reaproximar de sua filha. Stone contou que inicialmente não quis fazer o novo filme, mas que o projeto se tornou mais interessante após a crise financeira de 2008.

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