O titã estréia nas telas

Premiado por sua atuação em O Invasor, que estréia nos cinemas na sexta, Paulo Miklos investe na nova carreira

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Por Agencia Estado
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A convite do diretor Beto Brant, Paulo Miklos, 43 anos, músico dos Titãs, entrou, como ele mesmo define, na "aventura do cinema". Na pele de Anísio, o matador de aluguel protagonista do filme O Invasor- que estréia na sexta-feira -, Miklos ganhou no ano passado o Troféu Candango de melhor ator revelação no Festival de Brasília. A boa performance rendeu-lhe mais um convite para atuar. E de novo como protagonista. Provavelmente ainda neste ano, Miklos estará à frente de um dos projetos da cineasta paulista Suzana Amaral: Hotel Atlântico, baseado em um livro do escritor gaúcho João Gilberto Noll. "A Suzana me procurou dizendo-se feliz por ter descoberto um novo ator", conta Miklos. Na verdade, a descoberta desse novo ator é mérito de Beto Brant, diretor de O Invasor. "Percebi o potencial do Miklos em 93, quando rodei três videoclipes para os Titãs", diz Brant. "Cheguei a fazer testes com o rapper Sabotage para o papel de Anísio. Mas estava com o Miklos na cabeça. No final, ele se saiu muito bem." Miklos fala a seguir sobre o primeiro trabalho cinematográfico e sua expectativa com os novos projetos. Você pretende de fato seguir agora a carreira de ator? Paulo Miklos - Ainda não sei, mas posso dizer que adorei a brincadeira. Vou fazer cinema de novo. A Suzana Amaral me convidou para fazer Hotel Altântico, baseado no livro do João Gilberto Noll, e eu aceitei. Não sei quando as filmagens vão começar, mas imagino que ainda este ano. Como será o seu papel? Meu personagem é um ator desiludido. Trata-se de uma espécie de road movie, em que o cara começa uma viagem e muitas coisas acabam acontecendo pelo caminho. O convite foi feito durante o Festival de Brasília, depois que a Suzana me viu em O Invasor. Você pretende fazer algum curso, se especializar? Penso nisso. Por enquanto, estou lendo muito, especialmente livros clássicos do Stanislavski, A Preparação do Ator e A Criação do Papel. Sinto que está surgindo um processo parecido com o qual me tornei músico. Primeiro o interesse, depois, os estudos e a prática. Você imaginava toda essa repercussão? Minha intuição dizia que podia esperar coisas boas, mas não imaginei que seria tão positivo. Só fui ver o filme no Festival de Brasília. Estava muito nervoso, mas, quando começou a projeção, relaxei. E não é que esqueci que fazia parte da trama? Ouvia as pessoas rindo na platéia, batendo palmas, e só me dei conta de que aquele cara no telão era eu no final, com o assédio das pessoas. Como surgiu o convite para atuar em O Invasor? Foi depois de um show. O Beto Brant veio me cumprimentar e na conversa disse que ia me escalar para protagonista do próximo filme dele. Pensei: ´Ele está brincando. Amanhã nem vai pensar nisso´. Mas, para a minha surpresa, ele insistiu no assunto. Na verdade sempre confiei no Beto. E se ele disse que eu devia encarar o desafio, que via algo dramático em mim, então eu podia confiar. E como foram as filmagens? Como nunca havia feito cinema, na hora de rodar dava umas engasgadas. Lembro de uma cena no primeiro dia de gravação, aliás, uma das minhas primeiras cenas no filme. Chego no trabalho do Alexandre Borges, que é um cara fortão, bem mais alto do que eu. E ele vira para mim, todo bravo, falando grosso, me encarando: "O que você está fazendo aqui?!" Fiquei com medo, engoli em seco e deu branco. Quase soltei: "Calma, cara. Sei lá, foi o Beto que me chamou" (risos). Mas no final me soltei e incorporei o canalha. Ficava nervoso de vez em quando, mas o pessoal foi fantástico, todos me davam dicas. E como foi a ajuda do rapper Sabotage? Nós recebemos o roteiro. Aí sentamos e mudamos várias partes para deixar na linguagem da malandragem, sem também parecer com o modo de falar da galera do movimento hip hop ou do povo do rap. Mas no filme o Anísio é um cara carismático. Muitas pessoas chegam a torcer por ele. É que os personagens do Alexandre Borges e do Marco Ricca são piores. Seriam os vilões. E o Anísio afronta os vilões. Além disso, é um cara tão folgado que chega a ser divertido. Invade a vida e a empresa dos caras, quer ficar ditando ordens aos funcionários deles. Quer subir na vida: namora a filha do cara que matou, se muda para a casa dele e ainda por cima fica de "dono", circulando de roupão. Mas faço questão de ressaltar que ele não merece torcida. O filme estréia sexta-feira. Qual a expectativa? Agora estou mais calmo, porque houve algumas exibições e a aceitação foi boa. Em São Paulo, depois de algumas apresentações, percebi que as pessoas ficaram "meio assim" para me abordar. Com as pré-estréias de O Invasor senti que algumas pessoas ficaram com o pé atrás comigo. Por isso, gostaria de deixar claro: gente, sou um cara legal, bacana (risos).

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