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O poderoso Marlon Brando completa 80 anos

Dois lançamentos em DVD reabrem o culto a um dos maiores mitos do cinema, que recém apareceu no topo de um ranking dos maiores personagens da história, por seu papel em O Poderoso Chefão

Por Agencia Estado
Atualização:

Recente pesquisa realizada nos EUA apontou os cem personagens mais importantes do cinema. A lista foi publicada na Premiere dos EUA e privilegia personagens só de filmes de língua inglesa. E aí você pode ter certeza de que o personagem poderá mudar, mas o ator, Marlon Brando, com certeza estará em cena. Brando é um mito que moldou toda uma geração de (anti)heróis americanos. A lista da Premiere inclui aqueles personagens que você, cinéfilo, também ama - Ethan Edwards, de Rastros de Ódio, de John Ford; Ricky Blaine, de Casablanca, de Michael Curtiz; Scarlett O´Hara, de ...E o Vento Levou, de Victor Fleming; Fred Dobbs, de O Tesouro de Sierra Madre, de John Huston; e James Bond, da série com o espião criado pelo escritor Ian Fleming - os votantes esclareceram que preferem 007 na pele de Sean Connery. Há escolhas que podem parecer bizarras - o Gollum, de O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, ficou entre os dez mais, e o sinistro Norman Bates, do cult Psicose, de Alfred Hitchcock - que deu origem a uma série -, também. Mas o número 1, o top da lista, foi Don Vito Corleone, de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. Brando também contribui com outros personagens para a lista dos cem mais. O Terry Malloy de Sindicato de Ladrões, o Stanley Kowalski de Uma Rua Chamada Pecado. Premiere lembra o momento que mais define Don Vito. Logo no começo de O Poderoso Chefão, Jimmy Fontana - inspirado em Frank Sinatra - vem choramingando pedir ao chefão que lhe consiga um papel em Hollywood; desfia um rosário de que há um produtor que o persegue e... Don Vito o interrompe. Ordena que se levante, recomponha-se e vá descansar. Dentro de um mês, garante, o produtor irá chamá-lo. E ele chama, depois daquele brutal episódio que inclui a cabeça decepada do cavalo. Brando estava em baixa quando fez o papel de Don Vito, pelo qual teve de lutar, é bom que se acrescente. Além da pesquisa da Premiere, dois lançamentos em DVD nas locadoras e lojas especializadas do País - Sayonara, de Joshua Logan, dos anos 1950, e Caçada Humana, de Arthur Penn, dos 60 - reabrem o culto em torno de um dos maiores mitos do cinema. E isso ocorre justamente numa daquelas datas redondas, que a imprensa adora celebrar. Marlon Brando comemora, no sábado, 80 anos. Você não poderia imaginar que isso fosse ocorrer algum dia. Poderia jurar que Brando iria se consumir como aquele outro rebelde célebre, James Dean, que fez três filmes cultuados - Vidas Amargas, de Elia Kazan; Juventude Transviada, de Nicholas Ray; e Assim Caminha a Humanidade, de George Stevens, todos no biênio 1955-56 - antes que seu carro se espatifasse numa estrada do Texas, há quase 50 anos. Brando teve mais altos e baixos do que qualquer outro astro ou estrela - embora nesse departamento seja páreo duro concorrer com Elizabeth Taylor e John Travolta. Ao comemorar 80 anos nesta semana, ele talvez ache que não tenha nada para comemorar. As tragédias de sua vida pessoal foram devastadoras. Mas nestes 80 anos, mais de 50 de carreira, a experiência de Brando oferece uma súmula fascinante das transformações ocorridas no cinema. Para nós, o público, ele é um ídolo, um mito e uma referência. E o mais curioso é que você talvez não saiba, mas o furacão Brando nasceu no mesmo dia e ano de uma certa Doris Day, que hoje, portanto, também está comemorando 80 anos. O maior rebelde do cinema e a virgem do hímen de aço, definição que ela ganhou pela série de comédias que fez com Rock Hudson, por volta de 1960 -, são do mesmo signo, talvez tenham o mesmo ascendente.

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