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"O Planeta Vermelho" se passa em Marte

Marte, velho camarada de tantas desgraças que despencam do céu, é de novo o cenário de O Planeta Vermelho, para insinuar que se existe vida nos confins das galáxias, ela jamais será uma boa vida

Por Agencia Estado
Atualização:

Para onde caminha a humanidade? Para o pior. Pois não há nada como um mundo hostil depois de outro. Marte, velho camarada de tantas desgraças que despencam do céu, é de novo o cenário de O Planeta Vermelho, para insinuar que se existe vida nos confins das galáxias ela jamais será uma boa vida. Em 2050, os terráqueos estão morrendo asfixiados, pelos envenenamentos conhecidos em 2001. Através de naves com robôs plantam algas e legumes em Marte, na esperança de que produzam oxigênio. Não é bem assim. Uma missão humana, pela primeira vez, vai lá vistoriar a horta extraterrestre. A vida da maioria dos tripulantes termina em tragédia. Marte não perdoa. A felicidade, acredite quem quiser, só é possível aqui mesmo. O filme é o que se espera dele - quase nada - mas oferece um pouco mais. Entre outras coisas, divagações filosóficas sobre os limites da ciência e o papel de Deus em tudo isso. Como raridade no gênero ficção-científica-fliperama, tem cenas tristíssimas mostrando a agonia dos astronautas congelando-se e arfando na falta de ar do horroroso planeta, enquanto balbuciam frases sobre a vida. O diretor estreiante Antony Hoffman inevitavelmente comandou antes comerciais de televisão, mas não deixa que a alma trêmula dos fazedorers de video-clipes assombre demais a narrativa. O filme tem pausas e momentos sóbrios. Tem também um deslumbramento e um horror, ambos dignos de ver. A primeira parte se encarna em Carrie-Anne Moss, comandante da nave, uma belezaça que apareceu escondida atrás de óculos escuros em Matrix. Ela pode ser apreciada neste momento em Chocolate e ainda não encontrou um papel à altura do seu, digamos assim, talento de contornos de estátua greco-romana. A segunda parte atende pelo nome de Amee, um robô quadrúpede e sanguinário. Espécie de cachorro mecânico, com poder de destruição equivalente a um milhão de pitbulls, ele é um arraso em todos os sentidos. Mandá-lo para a carrocinha é uma das missões de Val Kilmer ( também está no elenco, mas o que esperar de um filme no rubro árido marciano?). Compreensivelmente, ele anseia largar aquela vida de pedra e tempestades para cair nos braços ansiosos de sua chefe. Há erotismo e insinuações literalmente do outro mundo, mais o conselho que coroou tantos filmes antes: nada como a casa da gente, mesmo poluída e injusta como é. Esta é a mensagem que nos chega do espaço. Aproveitem.

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