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"O Patriota" exercita egocentrismo americano

Estrelado por Mel Gibson, filme de Roland Emmerich retrata Guerra da Independência americana (1776) apostando no realismo das batalhas e pecando pelo partidarismo histórico

Por Agencia Estado
Atualização:

Estrelado por Mel Gibson, O Patriota tem várias qualidades para ser considerado uma das melhores estréias do ano. Ambientado na época da Guerra de Independência dos Estados Unidos (1776), as cenas de batalha são tão realistas que impressionam pelos detalhes. Robert Rodat, que escreveu o roteiro, sempre foi fascinado por histórias de guerra, principalmente pela da Revolução Americana. O resultado de seu fascínio aparece nas cenas que retratam a violência dos combates entre os americanos e ingleses. Rodat também foi o roteirista de O Resgate do Soldado Ryan, outro filme que mostrou bem os horrores da guerra. A direção ficou por conta de Roland Emmerich, o mesmo de Independende Day. A história de O Patriota mostra o conflito emocional de um homem que abdica de seus desejos pessoais para lutar pela libertação de sua pátria. Benjamin Martin, personagem interpretado por Mel Gibson, é uma ex-combatente da Guerra dos Sete Anos que se recusa a voltar a lutar, preferindo cuidar dos sete filhos em paz. Viúvo, sua preocupação é evitar que a família fique desamparada durante a guerra. Mas Gabriel (Heath Ledger), filho mais velho de Benjamim, desobedece às ordens do pai e se alista nas tropas revolucionárias americanas. Apesar de acreditar na causa da independência, Benjamin não se conforma com a atitude do filho. A situação muda quando um regimento britânico comandado pelo cruel coronel Tavington (Jason Isaacs) chega à fazenda da família Martin. Um terrível acontecimento faz com que Benjamin mude de idéia e vá para a guerra combater junto com o filho Gabriel. Versão inglesa - O filme foi rodado na Carolina do Sul, em locações próximas aos locais históricos onde ocorreram as batalhas da independência, entre setembro e dezembro de 1999. No total, 63 atores principais, 95 dublês e 400 figurantes participaram do projeto. Para tornar as cenas mais realistas, todos os figurantes aprenderam a manejar arcabuzes, a marchar em formação e a lutar desarmados. O diretor Roland Emmerich optou por criar 900 soldados no computador para dar agilidade às filmagens. Jornais britânicos criticaram a forma como os ingleses foram tratados no filme. As reclamações fazem sentido: em O Patriota os soldados ingleses sempre aparecem como os grandes vilões, e os americanos são os heróis bons e humanos que lutam por uma causa nobre. Benjamin Martin é um personagem fictício inspirado em vários heróis reais da guerra, entre eles Francis Marion. O problema é que, apesar de ser considerado um ótimo combatente, ele tinha a desumana atitude de violentar as escravas negras. Mais um motivo para os ingleses reclamarem. Mel Gibson consegue segurar a atenção do espectador durante as quase três horas de filme. Para interpretar o papel de Benjamin Martin, o ator recebeu US$ 25 milhões. Ele convence tanto nas cenas de pai zeloso e amável como naquelas em que se transforma num feroz e violento combatente. Para quem consegue suportar o realismo das cenas de batalha, onde corpos mutilados são mostrados exaustivamente, e já se acostumou com o ufanismo exagerado dos americanos, O Patriota não pode deixar de ser visto. Nos EUA, o filme vem enfrentando um concorrente de peso na batalha das maiores bilheterias. Mar em Fúria, estrelado pelo galã George Clooney , tornou-se um concorrente tão difícil de vencer como os ingleses na época da Revolução Americana. Por enquanto, o filme de Clooney continua em primeiro lugar, enquanto o de Mel Gibson ocupa a terceira posição.

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