29 de janeiro de 2020 | 11h26
Depois de receber, no último sábado, o Prêmio Goya de melhor ator, Antonio Banderas passou por Barcelona na segunda-feira, 27, a caminho dos Estados Unidos, “relaxado, porque eu não sou o favorito”, confessou, para enfrentar o trecho final da corrida do Oscar.
"Para você ser indicado, uma boa interpretação não é suficiente. Você também tem que dizer ‘Eu quero o Oscar’ e fazer promoção do filme – explicou -, é por isso que é um milagre que eu seja indicado sem ter promovido porque estava fazendo teatro em Málaga (Espanha)."
Antonio Banderas concorre ao Oscar de melhor ator por Dor e Glória, com concorrentes do nível de Joaquin Phoenix, Leonardo DiCaprio, Jonathan Pryce e Adam Driver.
"Tenho concorrentes que atuam em filmes de grande bilheteria e falados em inglês, enquanto temos um filme precioso, porém pequeno, falado em espanhol, que não é o idioma principal dos Estados Unidos. Por isso, temos poucas chances", afirmou.
Apesar de tudo, Banderas viaja para os EUA pronto para entrar na série de entrevistas e “ansioso para ver meus filhos e me divertir”.
O ator não entrou no “jogo da corrida ao Oscar” até agora porque estava fazendo “algo muito importante”: desempenhar o papel de Zach em A Chorus Line (Em Busca da Fama), a peça com a qual ele inaugurou o Teatro del Soho em Málaga, sua cidade natal, e que em 21 de fevereiro próximo chega ao Tivoli de Barcelona.
O cantor e ator espanhol Pablo Puyol o substituirá a partir de agora no comando do elenco, porque Banderas estava no palco em Málaga “como uma exigência”, mas o espírito da peça “exige que atores não tão conhecidos a interpretem”.
Banderas escolheu esta peça para inaugurar o Teatro del Soho porque "é um musical que significou uma mudança de paradigma na Broadway, que parou de contar a história de um jovem que consegue contar as histórias dos dançarinos que ninguém conhece, mas que são os que mantêm vivo o teatro musical ".
O Teatro del Soho é um projeto muito pessoal de Banderas, que ele conseguiu inaugurar em novembro passado “depois de 20 anos sonhando em fazê-lo”.
Lluís Pasqual foi o diretor artístico deste sonho tornado realidade por um ano, até a semana passada, tendo anunciado sua demissão em uma carta.
“Lluís me ajudou a começar e me apresentou a pessoas que são minha equipe de gerenciamento atual e com quem continuarei trabalhando", acrescentou. Enfim, “Luís Pasqual não sai - ele apontou - porque virá como diretor de teatro”.
Para Banderas, o retorno ao teatro foi “uma grande satisfação”, que tem muito a ver com as coisas que aconteceram com ele nos últimos três anos e que o mudaram “profundamente”.
Após o infarto que sofreu exatamente três anos e dois dias atrás, o ator confessou que se tornou “mais simples” e se preocupa apenas com o que faz a cada momento, “sem pensar para onde cada decisão leva você”.
“O ataque cardíaco foi uma experiência profunda e muitas das coisas que ficaram dentro de mim estão no filme de Pedro Almodóvar, porque ele as viu”, revelou.
Nesta nova etapa de sua vida, Banderas voltou-se para o teatro porque é “uma arte efêmera que permanece na memória e que vai contra a maré em um mundo em que parece que coisas que não são gravadas não acontecem”. “O maior inimigo do sucesso é a ansiedade para alcançá-lo, pois isso estou convencido de que se você relaxar e viver as coisas com mais simplicidade e tranquilidade, tudo ficará bem ", disse ele. / Tradução de Claudia Bozzo
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