
13 de abril de 2014 | 02h11
Em entrevista no Rio, o diretor Jalil Lespert, de Yves Saint Laurent, falou do sucesso do filme - 1,7 milhão de espectadores na França - e do desafio que foi contar a história da ligação do estilista com seu mentor e amante, Pierre Bergé. A história de Yves Saint Laurent é um pouco a história de como o gênio floresce e se autodestrói. Bergé passou como um trator sobre tudo e todos para proteger o gênio criador, só não conseguiu protegê-lo de si mesmo.
Saint Laurent afunda nas drogas, na promiscuidade. Recriar o fausto da vida e da época do biografado não foi fácil. "O luxo é viscontiano", define Lespert. E acrescenta: "Luchino Visconti, por sinal, era um dos artistas que Saint Laurent admirava". Em algumas cenas, ele vai caçar amantes nos cantos mais escuros e sórdidos de Paris. As cenas sob as pontes do Sena evocam Les Nuits Fauves, de Cyril Collard. "Meu roteirista foi o mesmo do filme de Cyril", relata o diretor.
Pierre Niney e Guillaume Galienne interpretam Saint Laurent e Bergé. Ambos vêm da Comédie Française e Galienne também dirige e interpreta Eu, Mamãe e os Meninos, outra atração - a maior? - do Festival Varilux do Cinema Francês, que acontece no Rio e em São Paulo e depois vai itinerar por cidades brasileiras. Eu, Mamãe... foi o grande vitorioso deste ano do César, o Oscar francês. Multiplicou por dois o sucesso de público de Yves Saint Laurent. Galienne trabalha no registro do autobiografia. Mamãe criou-o como menina. Toda a família achava que era gay. Mamãe grita - "Meninos, Guillaume, todos à mesa. É hora de almoço!"
O público ri, mas para Galienne, que não se sentia nem queria ser gay, era um tormento. O Festival Varilux, como sempre, antecipa estreias importantes do cinema francês no País. Traz convidados como os diretores Jean-Pierre Jeunet, de Uma Viagem Extraordinária, e Lespert, de Yves Saint Laurent. Na terça, em São Paulo, haverá um encontro do público com Isabelle Huppert, que vem para mostrar Um Amor em Paris, cujo diretor, Marc Fitoussi, também está no Brasil.
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