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"O Implacável" estréia com um desleixado Stallone

O começo é deplorável. Stallone, que se chama Carter, faz um profissional contratado para aplicar corretivos em maus pagadores.

Por Agencia Estado
Atualização:

Não é que o ator Sylvester Stallone não conseguiu se livrar do personagem do policial balofo que interpretou em Copland? Você se lembra? Quando aquele filme estreou, a mídia de todo o mundo contou como o astro de Rocky e Rambo havia engordado para criar o personagem. Stallone queria mostrar que não era só um monte de músculos. Queria representar, provando que era ator. Não deu certo, claro, e ele ainda incorporou o tipo. Para confirmá-lo, basta ver O Implacável, que estréia nesta sexta-feira. O começo é deplorável. Stallone, que se chama Carter, faz um profissional contratado para aplicar corretivos em maus pagadores. Ele corre atrás de um sujeito. O diretor Stephen Kay inova. Filma a perseguição só em primeiros planos. Quando dá uma tomada geral, o espectador descobre o por quê. Stallone está tão gordo e desleixado que o físico dele, no filme anterior, podia ser considerado enxuto. Desleixado - É o fim da era dos grandes astros de ação. O ator Arnold Schwarzenegger tem alinhado tantos fracassos de público, um atrás do outro, que fez o novo filme por US$ 15 milhões, em vez dos US$ 20 milhões que habitualmente ganha. Stallone é a coisa horrível desse Implacável. Hollywood nunca teve respeito pelos clássicos. Na falta de idéias novas, recicla as antigas e refilma, para pior, obras que deveriam permanecer intocadas. Em má hora, Mel Gibson vampirou o cult À Queima-Roupa, de John Boorman, fazendo O Troco, com direção de Brian Helgeland. O talentoso roteirista de Los Angeles - Cidade Proibida desentendeu-se com o astro, que assumiu o controle da produção e fez um filme insatisfatório embora, a favor dele, possa ser dito que o público, mesmo assim gostou. Stallone repete a operação, mas, no caso dele, o público americano sumiu das salas. A origem, aqui, é Carter, O Implacável (Get Carter), um filme de gângsteres dirigido por Mike Hodges, que é considerado uma das melhores, senão a melhor, incursão do cinema inglês pelo gênero. Carter é o tal profissional que resolve investigar as circunstâncias misteriosas da morte do irmão. Envolve-se com a cunhada e a sobrinha. Se ele tem talento de menos, a atriz que faz a cunhada, Miranda Richardson, tem demais e isso não ajuda a dar densidade ao personagem. Michael Caine, o Carter original, também está em cena. Miranda e ele deviam escolher melhor os papéis. Stallone, caindo aos pedaços, não tem mais tantas condições de escolher. Mas devia poupar os clássicos, o que seria uma forma de nos poupar, também.

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