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'O Gigante' traz uma memória do Brasil

Documentário de Mario Civelli testemunha evolução do cinema documental ao longo do século 20

Por Flavia Guerra e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Quem navegava tranqüilo pelo Rio Tietê até os anos 50, jamais poderia prever que, em vez de píers e áreas de lazer, a grande atração de suas margens hoje seriam as garrafas pet gigantes criadas pelo artista plástico Eduardo Srur que têm colorido suas margens. Já quem não tem na memória afetiva as bucólicas cenas do rio que hoje carrega o triste título de ‘o mais poluído do País’ pode ver estas cenas hoje, no documentário O Gigante, de Mario Civelli, que estréia no sábado, 5, no É Tudo Verdade, 15 horas, na Cinemateca.   Veja também: Assista ao trailer de 'O Gigante'  Programação do festival 'É Tudo Verdade'    Mais que um registro da história, o longa é testemunha da evolução do próprio cinema documental ao longo do século 20. "É um trabalho pioneiro. Além de ser um mosaico sobre o Brasil ao longo das décadas de 1910 a 1970, sua linguagem é irreverente e informal. Sua montagem e sua narrativa são novas", conta Patrícia Civelli, cineasta, filha de Mario e responsável pela conservação do imenso acervo do cineasta.   O italiano Mario Civelli chegou ao Brasil em 1946 com a tarefa de pesquisar locações para um filme sobre Anita Garibaldi a pedido de Dino de Laurentiis. O filme nunca saiu, mas ele resolveu não voltar à Itália e, em 1952 fundou a Multifilmes, em Mairiporã. Civelli é responsável pelo primeiro filme colorido brasileiro, O Destino em Apuros (com Paulo Autran).   Além da ficção, Civelli foi o primeiro documentarista a percorrer a matas virgens de Goiás, Mato Grosso, Alagoas e Bahia. Embrenhou-se pela Amazônia duas vezes, de onde saiu com O Grande Desconhecido (1956) e Rastros da Selva (1958). Chamou a atenção de Marechal Rondon, que cedeu a ele as imagens que havia registrado no início do século de suas expedições pela Amazônia.   "São estes filmes, e também o material que o cinegrafista dinamarquês William Guericke possuía, que formam o mosaico de O Gigante. "Comemoro o fato de que menos um filme engrossou a lista dos 60% das produções nacionais que viraram pó. Não fosse o trabalho de restauro de Marcelo Siqueira, da TeleImage, tudo se perderia", diz Patrícia. "Gericke e meu pai decidiram, em 1975, somar as forças e as imagens raras que cada um tinha e montar O Gigante. "As imagens antigas foram completadas com o material que ambos produziram para o filme, em cinemascope e coloridas."     O Gigante (83min 27s) - Dir. Mario Civelli. Sala Cinemateca. Largo Senador Raul Cardoso, 207, 3512-6111. Sábado, 5, às 15h30. Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, 3113-3651. Sábado, às 17h.

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