PUBLICIDADE

'O Gângster' conta história de chefão do tráfico de NY

Filme tem 2 indicações ao Oscar: melhor direção de arte e melhor atriz coadjuvante para Ruby Dee

Por Neusa Barbosa e da Reuters
Atualização:

A história do gângster Frank Lucas tinha tudo para dar um filme. Nascido em uma família negra e pobre, na Carolina do Norte, em 1930, ele foi ganhar a vida em Nova York, tornando-se um dos maiores traficantes de heroína do país, no início dos anos 1970.   Veja também: Trailer de 'O Gângster'  Acumulou uma fortuna estimada em 250 milhões de dólares, foi amigo de celebridades, como o boxeador Joe Lewis, casou com Miss Porto Rico 1970 e viveu para contar sua história - apesar de ter concorrido com nada menos do que toda a máfia italiana no cobiçado mercado de drogas nova-iorquino. A espetacular trajetória do chefão virou reportagem do jornalista Mark Jacobson e serviu como base do roteiro de Steve Zaillian (A Lista de Schindler), que sustenta o filme de Ridley Scott, O Gângster, estréia nacional desta sexta-feira, 25. O filme tem duas indicações ao Oscar: melhor direção de arte e melhor atriz coadjuvante para Ruby Dee, a veterana atriz de 83 anos, que vive a mãe do protagonista, interpretado por Denzel Washington (Dia de Treinamento). Formado à sombra de um chefão do Harlem, Bumpy Johnson (Clarence Williams III), Frank abre seu caminho à sua maneira. Cria um esquema de tráfico de heroína diretamente da fonte de produção, o sudeste asiático, bem no momento em que a guerra do Vietnã estava no auge, no começo dos anos 1970. Valendo-se de um contato familiar em Bangcoc, o militar norte-americano Nate (Roger Guenveur Smith), Frank cria um método incrivelmente engenhoso de importar a droga, introduzindo heroína de uma pureza sem paralelo no mercado nova-iorquino. Nenhum viciado mais queria outra coisa. Todos os seus concorrentes vêem morrer seu negócio porque, além de pura, a mercadoria de Frank era barata. Ninguém atrapalha Lucas, muito menos a polícia, que prefere receber suborno a perturbar sua atuação. Mesmo o agente de investigações especiais, detetive Trupo (Josh Brolin, de No Vale das Sombras), que o pressiona até no dia de seu casamento, não quer nada além de dinheiro. Mundos paralelos   Até a máfia, através de um dos seus maiorais, Dominic Cattano (Armand Assante), vai procurá-lo para se associar e ampliar os pontos de distribuição. Mas o controle do suprimento na Ásia permanece sob controle de Frank. O azar do chefão é que restou pelo menos um policial bem honesto na área, Richie Roberts (Russell Crowe, de Um Bom Ano). Ironizado por seus colegas depois que devolveu US$ 1 miilhão, encontrado no porta-malas de um carro, ele se credencia para chefiar uma força de elite encarregada justamente de desmontar as grandes redes do tráfico. Ele reúne uma equipe nada convencional, tanto na aparência, como nas técnicas de investigação, e procura chegar à ponta da distribuição da heroína - que está causando mais mortes do que nunca, tanto pelo consumo como pelas disputas para controlar sua venda. O filme de Ridley Scott é sobre esses dois mundos paralelos, de Frank e Richie. É um duelo à distância, que se constrói num universo completamente cínico, em que a esmagadora maioria dos policiais e mesmo tantos militares que lutam no Vietnã não têm nada de heróis. A exceção é Richie que, para compensar a incrível honestidade em relação a dinheiro, tem uma vida familiar completamente desestruturada. Embora seja também um personagem real, o policial Richie Roberts não foi mencionado na reportagem original de Mark Jacobson, que está saindo em livro no Brasil, na coletânea de artigos do jornalista, intitulada O Gângster Americano.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.