O dono da festa fala sobre o Oscar 2003

O produtor da Academia Gil Cates faz mistério sobre a cerimônia do Oscar que comemora 75 anos nesta edição, mas destaca as "cores latinas" das indicações de Frida e Fale com Ela

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Por Agencia Estado
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O Oscar completa 75 anos em 2003. "É mais do que motivo para que a cerimônia preste uma homenagem à história da Academia e aos artistas por ela agraciados ao longo dos anos", diz o produtor da Academia Gil Cates, o homem encarregado pela cerimônia. Que tipo de homenagem? "Ainda não sabemos", diz. Na verdade, sabe. Mas, bombardeado por perguntas sobre as atrações musicais, os apresentadores, o cerimonial, Cates diz que precisa se esquivar. "Se digo a vocês que vou convidar determinado cantor e ele recusa, minha segunda opção vai saber que não era a primeira, o que vai me colocar em maus lençóis." Entre as poucas certezas, daquelas que podem ser divulgadas com antecedência, Cates anuncia o fato de que Roman Polanski (indicado como melhor diretor por O Pianista) não terá nenhum tipo de esquema especial caso queira comparecer à cerimônia (se voltar aos EUA, corre o risco de ser preso por causa de processo criminal pelo qual responde), que Catherine Zeta-Jones, aos 8 meses de gravidez, terá um esquema médico à sua espera, se assim desejar. E que "cores latinas" serão indispensáveis, por causa das indicações de Frida e Fale com Ela. A outra certeza é o Kodak Theatre, o novo teatro concluído no ano passado pela Kodak para ser a sede oficial do Oscar. No ano passado, quase não foi usado, por causa de questões de segurança. No fim, passou no teste. "Tivemos uma experiência muito boa no ano passado, o formato do teatro, que não tem balcões projetados sobre a platéia, nos serviu bem e este ano já temos novas idéias quanto ao modo de utilizar melhor seus recursos", diz Louis J. Horvitz, o diretor que estará controlando as quase 50 câmeras envolvidas na cobertura, na noite do dia 23 de março. O Kodak Theatre incorpora, em todo o seu complexo, o famoso "american way of life". Ele está localizado no fim da célebre Hollywood Boulevard, ao lado do Teatro Chinês, em frente da calçada da fama. À sua volta, um shopping center, restaurantes, um hotel e um gigantesco complexo de salas de exibição. Espalhadas pelo chão, frases de diretores, roteiristas produtores, todos contando suas histórias, o modo como, do anonimato, chegaram à fama. Estão lá desde o ator que lavava pratos em um restaurante em Chinatown antes de ser descoberto até uma atriz que resolveu trabalhar como segurança de um agente conseguindo convencê-lo a representá-la. Fala-se dos milagres, mas não dos nomes dos santos. Todo o complexo custou cerca de US$ 94 milhões. E este é o único valor que a Academia divulga com relação a seus gastos com a cerimônia do Oscar. "É difícil calcular um valor exato, na verdade, porque há uma série de funcionários terceirizados, recrutados por empresas que nós contratamos, em diversas áreas. O valor muda muito de um ano para o outro. Não discutimos o preço, o que importa mesmo para a Academia é a excelência, temos milhões de pessoas nos vendo e precisamos dar a elas exatamente o que esperam", diz Cates. E o que seria? "O Oscar é a grande festa do cinema e o cinema é fantasia. Mas a cerimônia é o momento no qual os artistas são eles mesmos, ficam nervosos com a indicação, querem aproveitar da melhor forma a noite que, sem dúvida, será uma das mais importantes de suas vidas. É a mistura da fantasia com a vida real que torna a cerimônia tão atraente para o público", argumenta Cates. Polêmica - A imprensa norte-americana, na semana passada estampou em suas páginas culturais a polêmica que parece ser a principal do Oscar deste ano: o alto número de indicações para a Miramax de Harvey Weinstein e os lobbys assumidos por premiações como a do diretor Martin Scorsese. "Não seria o Oscar sem uma polêmica como essa", desconversa Cates. "O que existe são ciclos, cada ano tem um destaque e 2003 é a vez da Miramax." Em meio às ameaças de guerra que, em março, já pode ter começado, ele teme por manifestações polêmicas de premiados? "O show é ao vivo, se alguém quiser mandar sua mensagem, não há muito o que fazer, mas pedimos a todos os indicados que mantenham seus discursos na esfera cinematográfica."

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