O diretor André Pellenz volta ao cinema com ‘Festa da Firma’

Realizador de 'Minha Mãe É Uma Peça', ele fez séries de sucesso da TV paga, como 'Detetives do Prédio Azul' e 'Natália'

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Dulce Veiga, a famosa cantora dos anos 1960 – na verdade, a personagem de Odete Lara em A Estrela Sobe, de Bruno Barreto –, foi parar num romance de Caio Fernando Abreu que Guilherme de Almeida Prado transformou em filme, Onde Andará Dulce Veiga?, de 2008. E, por falar nisso, onde andará André Pellenz?

O diretor de Minha Mãe É Uma Peça, o 1, pode ter encerrado a parceria com Paulo Gustavo, mas não está parado, não. André Pellenz andou fazendo muita coisa para a TV paga, séries de sucessos como Detetives do Prédio Azul e Natália, mas está de volta ao cinema, seu primeiro (grande?) amor.

Marcos Veras em 'Festa da Firma', seu primeiro papel como protagonista Foto: PAPRICA FOTOGRAFIA|DIVULGAÇÃO

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No sábado, 11, quando se encontrou com o repórter para um café, no Rio, ele praticamente havia concluído a filmagem de Festa da Firma. Faltava só uma cena que seria rodada durante a semana que passou e, agora sim, o filme está concluído – a captação da imagem –, embora ainda exista todo um trabalho de edição e pós-produção.

Festa da Firma é uma produção dos irmãos Gullane, que chamaram André Pellenz para desenvolver o projeto. E essa é uma diferença enorme em relação a Minha Mãe É Uma Peça – O Filme. “A Mãe já existia como personagem de muito sucesso do Paulo, e o que a gente fez foi formatá-la para o cinema. O sucesso foi imenso, mais de 4 milhões de espectadores, porque o Paulo virou esse fenômeno. Festa surgiu como uma proposta de tema. Tive de começar do zero. Foi um processo muito rico.”

Seria fácil ambientar Festa da Firma em São Paulo, onde a empresa produtora de Caio e Fabiano Gullane tem sua base. “Mas seria um clichê, São Paulo como a terra do trabalho, o Rio como a da diversão. Resolvemos fazer tudo no Rio.” O filme é sobre um gerente de Marketing chamado para organizar a festa de fim de ano da empresa. Seu nome é Vlad, como o vampiro carioca de Fausto Fawcett na comédia (fraca) que estreou na quinta, 16. Foi um ano difícil – a firma demitiu funcionários, o que aproxima a ficção de Pellenz do Brasil real – e agora a festa visa justamente a motivar os que ficaram. Para Vlad, é uma maneira de pôr-se à prova aos olhos da namorada. Ele chama um ator para animar a festa, e o cara leva a função muito a sério. Cria uma persona e termina complicando. Como diz Pellenz, a festa “é um drama que a gente trata como comédia, com o objetivo de fazer rir”. E ele acrescenta – “Nunca houve a pressão de criar uma franquia ou registrar números fantásticos. É uma boa história que estamos contando. Trabalhei com liberdade e serenidade.”

Festa da Firma oferece a Marcos Veras seu primeiro papel como protagonista. “Você sabe, já conversamos sobre isso no set de Minha Mãe É Uma Peça. Adoro a grande comédia italiana, os filmes de Dino Risi e Mario Monicelli. São sempre as minhas bússolas”, reflete o diretor. O repórter tenta relacionar o filme à série Mad Men, que se passa naquela agência de publicidade dos anos 1960. “Não tem como. O filme passa-se em boa parte durante a festa da firma e o décor parece sobra de desfile de escola de samba, com uma decoração egípcia muito extravagante”, explica o diretor. A ideia é estrear até novembro, para se beneficiar das festas de fim de ano que ocorrem em empresas de todo o Brasil. “Fugimos aos estereótipos para que as pessoas, quando virem o filme, identifiquem os personagens como se fossem reais. Os colegas da firma, o gerente de Marketing, o encarregado do RH...” Além de Veras, estão no elenco Rosanne Mulholland, Giovanna Lancellotti, Diogo Vilela, Nelson Freitas e Stepan Nercessian.

Pellenz está tão entusiasmado que a gente pode até pensar que canaliza para o novo filme toda a sua energia, como se tivesse ficado parado desde Minha Mãe, que é de 2013. Que nada – os últimos anos foram intensos para ele, que tem sido o diretor-geral da série Detetives do Prédio Azul e vai dirigir o longa, em fevereiro de 2017, em parceria com a Paris Filmes – que distribui Festa da Firma. Também é autor e diretor de Natália, na Globo Internacional, Universal Channel e TV Brasil. A série premiada fez sensação por ter uma protagonista negra e por haver apresentado o primeiro beijo gay da TV aberta brasileira, segundo a colunista Patricia Kogut. Terá nova temporada a ser gravada, por Pellenz, no segundo semestre.

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Em setembro, estreia outra série escrita e dirigida por ele na Fox – Prata da Casa é uma comédia familiar com toques surrealistas, interpretada por Diogo Vilela, Pedro Paulo Rangel, Françoise Forton e Rodolfo Pandolfo, que, só para lembrar, faz o filho de Dona Hermínia em Minha Mãe 1 e 2, atualmente em pós-produção (e com outro diretor, César Rodrigues).

Além de toda essa atividade na TV por assinatura, Pellenz tem engatilhados dois ou três filmes. Roda no segundo semestre Restô, comédia (no estilo italiano) sobre um chef que perde o paladar – “Vai ser uma tragicomédia”, promete. Mas sua menina dos olhos será feita somente no ano que vem, depois do Prédio Azul. 830 Litros será um drama fantástico sobre o filho de um descendente de alemães que vem ao Brasil para enterrar o pai, morto num garimpo do Norte, e que precisa descer até o Rio Grande do Sul, num carro funerário, para cumprir o último desejo do falecido. Um novo Bye-Bye Brasil?

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