"O Diabo Veste Prada", boa comédia com Meryl Streep

No divertido filme que estréia nesta sexta-feira, com ponta da brasileira Gisele Bündchen, Meryl é a megera fashion que humilha a aprendiz Anne Hathaway, em redação de revista de moda

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Por Agencia Estado
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Não existe nada melhor para um filme do que uma ameaça de escândalo. E "O Diabo Veste Prada" foi bafejado por essa contingência. Dirigido por David Frankel (da série "Sex and the City"), inspira-se no livro autobiográfico de Lauren Weinsberger, que nele conta sua inglória experiência como assistente de Anna Wintour, diretora da Vogue americana. Anna, interpretada por uma melíflua Meryl Streep, compareceu à première em Nova York e, dizem, foi irrepreensível, mesmo vendo-se retratada como megera na tela. Contam as colunas que vestia Prada da cabeça aos tamancos. Bem, se o filme precisava de um empurrãozinho, ele o teve. Mas, no fundo, pode muito bem caminhar por seus próprios pés - é um elegante produto de entretenimento e despertou admiração em Veneza, onde foi exibido em première européia. Meryl Streep esteve lá. Grande dame do cinema americano, respondeu à inevitável pergunta sobre a importância da moda, dizendo que não se importava com ela. Apanha a primeira coisa que encontra em seu guarda-roupas e pronto. Bem, você pode imaginar o tipo de roupa que o armário de Meryl abriga. Em todo caso, em Veneza, ela estava elegante como se saída de um filme de Luchino Visconti, e não da fase neo-realista. Falando sobre sua personagem, Miranda Priestly, diretora da revista Runway, Meryl disse que não se sentia fazendo uma caricatura: "Pessoas como ela existem na realidade. Sacrificam a vida pessoal pelo trabalho, estão sempre em busca de mais poder e não hesitam em pisar nos outros para manter o status. Em geral são homens", espetou. Enfim, "O Diabo Veste Prada" pode ser entendido como uma pequena fábula moral. Miranda é a implacável diretora da Runway, revista onde chega a jovem jornalista Andy (Anne Hathaway), que não sabe distinguir uma peça de chita de um brocado e aspira mesmo é escrever na New Yorker. Namora um cara que veste jeans, bebe cerveja no gargalo e no fundo acha que essa história de fashion não passa de frescura de desocupados. Mas sabe também que um estágio bem-sucedido sob Miranda pode lhe abrir portas. A nossa heroína não tem índole tão guevarista como parecia a princípio. Concorda em se submeter à tirania da diretora. Obriga-se a trazer-lhe o cafezinho quente a qualquer hora do dia ou da noite, marca vôos em meio a furacões e precisa arrumar a nova aventura de Harry Potter para que as gêmeas de Miranda possam lê-la em primeira mão. Deixando o espírito crítico de lado, pode-se muito bem gostar de "O Diabo Veste Prada". Boa comédia, apoiada na sempre impecável Meryl Streep, diverte em dose moderada. O final moralizante, com a inevitável segunda chance concedida a todo personagem que se preze, pode deixar os mais exigentes insatisfeitos. Mas não é mau programa, levando-se em conta o nível atual do cinema. O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, EUA/2006, 109 min ) - Comédia dramática. Dir. David Frankel. 12 anos. Grande circuito. Cotação: Bom

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