O brasileiro 'Baronesa' e o russo 'Dovtalov' entre as estreias de cinema da semana

‘Baronesa’ acompanha duas mulheres da periferia de Belo Horizonte enquanto produção russa retrata uma Leningrado dos anos 70

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Por Redação
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'Baronesa'  (Brasil/2017, 73 min.)Dir. de Juliana Antunes. Com Andreia Pereira de Sousa, Leidiane Ferreira, Gabriela Souza, Felipe R. dos Santos

Houve, na internet, uma tentativa de criar polêmica. A diretora Juliana Antunes, branca de classe média, teria autoridade para falar de mulheres negras da periferia de Belo Horizonte? Houve até quem sustentasse que o filme dela era a versão feminista (e mais adulta) de A Vizinhança do Tigre, de Affonso Uchoa. Polêmicas à parte, Baronesa, o filme de Juliana, é belíssimo. Venceu a mostra Aurora, de Tiradentes. Foi o primeiro vencedor do Troféu Helena Ignez, atribuído à direção de fotografia de Fernanda de Sena. Quanto a ser mais maduro que A Vizinhança, depende do olhar que se lança sobre os dois filmes. Juliana e Uchoa interagem. Ele montou Baronesa, ela integrou o júri jovem que premiou A Vizinhança.

Filme privilegia olhar feminino Foto: VITRINE FILME

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Baronesa estreia nesta quinta, 14. O filme nasceu como um projeto universitário da diretora. Virou um experimento nas margens, híbrido de documentário e ficção. Além de Tiradentes, integrou a mostra de cinema independente do Rio e o Olhar de Cinema, com curadoria do cineasta Aly Muritiba, de Curitiba. Um filme de mulheres, com mulheres, sobre mulheres – talvez seja a primeira coisa que valha destacar em Baronesa. Em geral, os filmes de periferia privilegiam o olhar de homens, sobre homens. Juliana filma duas mulheres da Vila Mariquinhas, em BH. Andreia junta dinheiro para construir uma casa em outra vila – Baronesa –, na expectativa de que lá sua vida será mais pacífica. Leidiane cuida sozinha dos filhos. Os homens não estão ausentes porque a dupla flerta com o único sujeito importante da trama. Ele usa tornozeleira.

Na maior parte do tempo, Andreia e Leid conversam. Falam sobre sexo – masturbação, posições que estimulam o orgasmo. Fazem contas sobre o gasto da obra na casa. E brincam com um revólver. Por mais graves que sejam as questões debatidas – estupros, assassinatos nas favelas –, o filme mantém certa leveza. Consegue ser divertido. O mais importante é o vínculo com o real. Em nenhum momento Juliana falsifica a realidade para dar sua versão do empoderamento feminino. / Luiz Carlos Merten 

Um retrato geracional da antiga Leningrado 'Dovlatov' (Polônia, Rússia, Sérvia/2018, 126 min.) Dir. de Alexy German Jr. Com Milan Maric, Svetlana Khodchenkova, Elena Lyadova Aleksey Guerman Jr. venceu o Urso de Prata para a melhor contribuição artística na Berlinale, em fevereiro. O filme, 'Dovlatov', biografa o escritor Serguei, reconstituindo seis dias de sua vida, em 1971. Servido por uma extraordinária interpretação do ator sérvio Milan Maric – que foi dublado para fazer o papel -, Dovlatov extrapola o indivíduo para fazer um fascinante retrato geracional da cenas de Leningrado, incluindo soirées literárias e clubes de jazz. E você pode ler o livro O Ofício, organizado em dois momento s de sua vida: URSS e EUA e que forneceu diálogos e cenas para o roteiro, editado do russo pela Kalinka. / L.C.M.​

Que seja infinito e que seja com Clara​ 'Talvez uma história de amor' (Brasil/2017, 101 min.) Dir. de Rodrigo Bernardo. Com Mateus Solano, Thaila Ayala, Bianca Comparato Virgílio busca controlar sua vida nos mínimos detalhes até que um recado deixado em sua secretária eletrônica por uma mulher o deixa abalado: Clara está terminando com ele, não é mais possível continuar o relacionamento dos dois. E desliga. Mas, quem é Clara? Virgílio não se lembra dela, nem de ter se relacionado com ninguém. Os amigos comentam, os colegas de trabalho perguntam, todos de alguma forma sabiam da relação dos dois, menos ele. É nesse momento que Virgílio, vivido por Mateus Solano, parte em busca dessa mulher misteriosa que, talvez, seja o amor da sua vida.

Cinquenta tons do jeito que elas gostam 'Do jeito que elas querem' (EUA/2018, 103 min.) Dir. de Bill Holderman. Com Jane Fonda, Diane Keaton, Candice Bergen Mulheres poderosas – coroas. O diretor Bill Holderman, de 40 anos, resolveu investigar o que andam pensando sobre sexo as mulheres de 80. Jane Fonda já vai para os 81 (em dezembro). Suas amigas estão chegando lá – Diane Keaton, Mary Steenburgen, Candice Bergen. As quatro fundam um clube do livro que dá título (The Book Club) ao longa de Holderman. No Brasil, é Do Jeito Que Elas Querem. O que ocorre quando o livro do mês é Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James? Christian Grey e seus jogos de sexo. As vovós saem do sério, redescobrem a libido e o diretor assina um delicioso ‘feel good movie’. Satisfação garantida. / L.C.M.

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Viagem no tempo de ‘Em 97 Era Assim’ 'Em 97 Era Assim' (Brasil/2017, 96 min.) Dir. de Zeca Brito. Com Frederico Restori, João Pedro Corrêa Alves Renato, Moreira, Alemão e Pilha são quatro amigos de 15 anos vivendo o auge da adolescência. Eles só pensam em uma coisa: perder a virgindade. E em segundo lugar querem passar de ano na escola. Sem dinheiro para contratarem uma prostituta, os meninos fazem tudo para conseguirem economizar uma grana, enquanto encaram os compromissos do colégio e as tensões da adolescência. Mas, nessa jornada, o que eles realmente vão descobrir é o valor da verdadeira amizade. Comédia gaúcha desperta nostalgia nos que viveram intensamente a era analógica. A direção de fotografia de Bruno Polidoro ajudam a recriar a época.

‘O Nó do Diabo’ faz horror com ousadia 'O Nó do Diabo' (Brasil/2018, 124 min.)  Dir. de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins. Com Fernando Teixeira, Isabél Zuaa, Tavinho Teixeira Cinco contos de horror costuram uma narrativa que se passa há dois séculos, em uma fazenda canavieira. Marcas de um passado sombrio estão pelas paredes do local, mesmo que ninguém perceba. Coisas estranhas começam a acontecer e a morte torna-se cada vez mais evidente.

A trajetória de um raro herói brasileiro 'Bonifácio' (Brasil/2018, 82 min.)  Dir. de Mauro Ventura. Com Paulo Lopes, Olavo de Carvalho, D.  Bertrand de Orléans e Bragança Filme sobre a história de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, um homem que acumulava as funções de filósofo, estrategista e herói de guerra que teve um papel decisivo no processo de emancipação do Estado brasileiro.

‘Safári’, o sinistro prazer de matar 'Safári' (Safari, Áustria/2016, 91 min.) Dir. de Ulrich Seidl Na selva africana, turistas caçadores alemães e austríacos estão à espreita, esperando suas presas, antílopes, zebras e gnus. Eles atiram, comemoram com alegria e posam para fotos ao lado dos animais mortos. Um documentário sobre a natureza humana e a morte.

A luz que pode matar em ‘Sol da Meia-Noite’ 'Sol da Meia-Noite / Midnight Sun' (EUA/2018, 91 min.) Dir. de Scott Speer. Com Bella Thorne, Patrick Schwarzenegger, Rob Riggle Katie (Bella Thorne) é uma jovem que vive protegida dentro de casa desde a infância. Confinada durante os dias, ela possui uma rara doença que faz com que a menor quantidade de luz solar seja mortal. Tudo muda quando se cruza com Charlie (Patrick Schwarzenegger).

Um muro para dividir a democracia'O Muro'  (Brasil/2016, 87 min.)  Dir. de Lula Buarque de Hollanda Filme acompanha os protestos de milhões de cidadãos durante o processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016. Em Brasília, um muro de aço foi erguido fora do Congresso para separar manifestações relacionadas ao impeachment, símbolo da democracia dividida do Brasil. 

Última chance: Um olhar sobre a vida e morte do astro pop George Michael  A 10.ª edição do festival de documentários musicais, que vai até domingo, 17, exibirá, nesta quinta, 14, no Spcine Olido, George Michael: Freedom – Director’s Cut. O filme sobre a vida do astro de Wham!, que morreu em 2016, é do diretor David Austin, que reuniu material familiar sobre o artista. no Unido/2018, 90 min.) Dir. de David Austin 

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