Novo filme de Xuxa enfrenta concorrência de peso

Xuxa Popstar, que estréia no dia 15, vai disputar bilheteria com especial de Renato Aragão e com Tainá, uma Aventura na Amazônia

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Por Agencia Estado
Atualização:

Xuxa é rainha. Isso ficou provado mais uma vez na manhã desta segunda-feira. Havia fãs do lado de fora do Hotel Maksoud na expectativa de ver a estrela. No interior, a segurança teve de ser reforçada. Tudo porque ocorreu a sessão especial para a imprensa do novo filme da musa dos baixinhos, seguida de coletiva - da qual ela participou, naturalmente. Xuxa Popstar estréia em 300 salas de todo o País no dia 15. São mais salas do que a própria Xuxa teve com Xuxa Requebra, seu filme anterior, também produzido por Diler Trindade. Com Xuxa Requebra, Xuxa bateu o recorde de público do cinema brasileiro, desde a retomada. Já fez 2,07 milhões de espectadores, 20 mil à frente de O Auto da Compadecida, que Guel Arraes adaptou da peça de Ariano Suassuna, primeiro no formato de microssérie e, depois, como filme. O Auto tem chance de assumir a dianteira nos próximos dias, já que permanece em cartaz no País. A expectativa é saber qual será agora o desempenho de Xuxa Popstar na bilheteria. O filme terá opositores de peso, entre as produções brasileiras de fim de ano. A Fox sai na frente da Warner, que distribui Xuxa Popstar, e lança nesta sexta-feira, no formato cinema, um especial de Renato Aragão para televisão. O trapalhão, no ano passado, não foi páreo para Xuxa. Fez menos de 1 milhão de espectadores com A Luz Azul. O discurso de Xuxa é politicamente correto. Ela não quer saber de briga com o trapalhão, nem com Guel Arraes. Acha ótimo que o público esteja prestigiando o cinema brasileiro. Há espaço para todos. É o que veremos em seguida. Talvez Xuxa e o trapalhão sejam atropelados por outro filme nacional que concorre na mesma faixa de público - Tainá, uma Aventura na Amazônia. Onde passa - Festival do Rio BR 2000, Festival de Brasília -, o filme de Tânia Lamarca e Sérgio Block passa como rolo compressor, lotando as salas com as aventuras da indiazinha que Eunice Baía interpreta com tanta graça. Havia muita gente na mesa da coletiva. Faltava a própria Xuxa. Ela só entrou meia hora depois, para garantir que seus parceiros de Xuxa Popstar recebessem atenção. Se ela estivesse desde o começo seriam reduzidos a meros coadjuvantes - o que são, mesmo. Sim, ela reescreve seu material, interfere no roteiro, opina em tudo. A co-diretora Tizuka Yamasaki acha normal que assim seja. Tizuka só foi chamada quando a produção de Xuxa Popstar virou um caos. Paulo Sérgio Almeida era o diretor original. Fez toda a fase de pré-produção e comandou a rodagem durante dez dias. Aí, teve um enfarte. Tizuka foi chamada para apagar o incêndio. Almeida, na mesa, foi polido, Tizuka mais ainda. Ela disse que nem se lembra mais do que rodou. Acha que o filme tem unidade e tanto faz que tenham sido dois diretores. A unidade, no caso, é decorrência de uma constatação pouco lisonjeira para os dois - impossível imaginar trabalho mais anônimo. Um pouco porque começou no mundo da moda - mas também porque uma pesquisa constatou que, se o sonho dos meninos brasileiros é serem jogadores de futebol, o das meninas é virarem top models -, Xuxa invade, com esse novo filme, o mundo fashion. Ela faz Nick, que volta para o Brasil depois de uma carreira internacional. Imediatamente vira executiva na agência de eventos de Cláudio Correa e Costa - a Popstar. Marcos Frota faz, com propriedade, o vilão babaca que tenta derrubar Nick. Silvia Pfeiffer é a rival que vira amiga. E Luigi Baricelli é o Romeu de Xuxa. No começo, o namoro é virtual. Só se falam na Internet. E é claro que dá tudo certo, pois a idéia do filme, expressa numa mensagem escrita de Xuxa aos jornalistas, é que o futuro será sempre de quem sonha, de quem sorri de verdade e de quem acredita na fantasia e na imaginação. Como sempre, nessas coletivas, o que menos se falou foi de cinema. O tititi das revistas de fofocas era saber se o beijo de Xuxa e Baricelli no fim foi para valer. Em cinco minutos de conversa - teve de sair mais cedo -, ele se definiu como sensível, disse que vive os papéis com intensidade e, portanto, foi fundo no beijo, o que alimentou a suspeita de que estaria rolando um clima com a estrela. Não há clima. Xuxa está feliz com a filha, a carreira, mas o coração está desocupado. Foi divertido vê-la teorizar sobre a troca de saliva - sua definição do beijo. Ou então contar como o beijo foi recebido aos gritos pelo pessoal do set - "Xuxa desencalhou!" Teve de repetir a cena umas 20 vezes. Tizuka, perfeccionista (!), nunca ficava satisfeita. Disse que sua função como diretora era essa - criar o clima, ainda mais numa cena tão importante, da qual depende todo o filme. Esgotado o capítulo da saliva, a entrevista adquiriu um tom mais confessional quando Xuxa falou sobre a maternidade. Os jornalistas queriam saber dela se sua percepção da infância mudou depois de Sasha. Ela diz que não. Sempre se deu bem com crianças. Quem ela hoje compreende melhor são as mães. Xuxa sempre foi assediada por mães desesperadas para que ela desse atenção aos seus filhos. Hoje ela diz que pode entender isso, porque faz a mesma coisa por Sasha. Seu próximo filme marcará o retorno a uma linha mais voltada para os baixinhos, mesmo. Isso não quer dizer que Xuxa Popstar também não vise a esse público. A linha narrativa é tênue, há mais canções do que nos antigos musicais da Metro - tem sempre alguém cantando em cena. E, claro, cantando você sabe o quê - os hits do Planeta Xuxa. Mas a censura é livre e o filme para toda a família, é cheio de lições edificantes. Lá pelas tantas, a menininha da história diz que quer ser top model e pede conselho a Xuxa. Ela dá sua receita. A menina tem de ir à escola, brincar, alimentar-se bem e não curtir droga de jeito nenhum. Antidroga, Xuxa sempre foi. Só que droga, para ela, não são só as pesadas - Xuxa odeia cigarro. Ela só se incomoda quando dizem que expõe a filha para alimentar o próprio mito, mas nem aí perde o jeito zen. Acha que é injustiça. Ama muito Sasha e não faria nada que pudesse prejudicá-la. Todo mundo queria saber se Sasha vai aparecer no próximo filme. De jeito nenhum. Xuxa diz que Sasha só vai aparecer num filme se quiser, quando quiser. Como é muito pequena para ter esse tipo de vontade, ela descarta a utilização da menina. Agora, se quando crescer Sasha quiser fazer um filme terá seu filme - nem que a mãe-coruja tenha de pagar por ele. Palavra de Xuxa.

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