Norma Bengell filma a arte de Guiomar Novaes

Documentário sobre a pianista brasileira morta em 1979 é o novo projeto da atriz e diretora, que deve contar com depoimentos de familiares e especialistas e gravações em vídeo

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Por Agencia Estado
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A arte, a música, a intérprete. A atriz e diretora Norma Bengell define assim o foco principal de seu novo projeto, um documentário sobre a brasileira Guiomar Novaes, morta em 1979, um dos grandes nomes da interpretação pianística do século 20. "Ela era a música em seu estado puro, todas as dificuldades da vida ela soube superar se apoiando em sua arte", diz Norma, "uma pianista frustrada", apaixonada pelo talento e a personalidade de Guiomar. O documentário, na verdade, propõe essencialmente um diálogo entre duas grandes artistas nacionais. Norma pretende usar a câmera para revelar Guiomar perante o Brasil, dar a ela o lugar que merece na história da arte brasileira. "Tudo bem que a área de música erudita no Brasil é sofrida, mas Magdalena Tagliaferro, por exemplo, é hoje muito mais conhecida e popular do que ela." Para tanto, a principal preocupação está em, deixando de lado as tradições e costumes do documentário tradicional, mostrar como a pianista viveu para a música e dela tirou todo o seu alimento. "O que me encanta nela é seu trabalho de intérprete, a maneira como tocava o piano de um modo totalmente diferente, basta você ouvir o Hino Nacional (na verdade, a Fantasia sobre o Hino Nacional Brasileiro, de Gottschalk) na interpretação dela, é outra coisa, uma profusão de som romântico com som marcial, sonoridade de órgão", diz. Já prevendo horas de edição regadas a muitas lágrimas - "sou chorona e, com a música dela, não resisto" -, Norma concluiu, então, que o modo mais eficiente de mostrar ao público quem foi Guiomar Novaes é apoiar-se na música. "O documentário é, essencialmente, a música. Tudo gira em torno dela." Norma está à procura de uma pianista que possa imitar os movimentos ao piano de Guiomar e pretende jogar com a iluminação para reproduzir situações que tiveram como palco o Teatro Municipal ou a Sala Cecília Meirelles. Também serão utilizadas entrevistas curtas como familiares da pianista, como seu neto, e especialistas em seu trabalho, como o musicólogo Arnaldo Senise. "É um filme basicamente de edição", afirma. Norma, que está contando com a cooperação total da família da pianista - "são uns amores" -, também teve acesso a vídeos que poderão ser utilizados no documentário. Isso vai depender, porém, da qualidade do material - alguns são muito antigos - e da permissão dos autores de algumas imagens, como a de uma aula dada por ela quando tinha 82 anos.

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