Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) resolveram ontem aplicar multas num total de R$ 750 mil às responsáveis pelo filme O Guarani, produzido pela empresa NB Produções, de Norma Bengell e Sônia Nercessian. Além das três multas de R$ 250 mil - para a NB, para Norma e para Sônia - o TCU julgou irregulares as contas do processo de captação de recursos feito pela empresa, provenientes de incentivos fiscais previstos nas Leis Rouanet e do Audiovisual. Por esse motivo, o tribunal também condenou as produtoras do filme a devolverem R$ 3,8 milhões, referentes a irregularidades detectadas pelo TCU, como a falta de comprovação de diversas despesas. Os ministros decidiram autorizar a cobrança judicial das dívidas se não forem atendidas as notificações. O Guarani, que estreou em 1996, tornou-se um dos casos mais notórios de irregularidade na prestação de contas do cinema brasileiro. Além de ignorar a data para justificar as despesas, em dezembro de 1997, a cineasta e sua equipe apresentaram dados considerados insuficientes, o que obrigou a Secretaria do Audiovisual a cobrar a devolução de mais de R$ 4 milhões. Como a quantia não foi devolvida, a secretaria encaminhou o assunto à Secretaria de Controle Interno, que abriu processo no TCU. Norma Bengell chegou a ser acusada de usar notas frias, emitidas por empresas fantasmas, na declaração das despesas.