PUBLICIDADE

No Festival de Veneza, Pablo Trapero surpreende com um conto erótico

Filme argentino 'La Quietud', traz no elenco Berenice Bejo e Martina Gusman

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O filme argentino La Quietud, do premiado cineasta Pablo Trapero, surpreendeu o Festival de Veneza neste domingo, 2, com um conto erótico, que revela verdades incômodas da época da ditadura.

PUBLICIDADE

Trapero, muito aplaudido na exibição do longa-metragem para a imprensa, retorna a Veneza para mostra, fora de competição, a outra face de uma família rica e matriarcal, mas tão violenta como a apresentada há três anos em Veneza com o O Clã, filme premiado com o Leão de Prata de direção.

"Como qualquer retrato de família, está sempre marcado pelo passado e o passado neste filme é marcado por histórias muito dolorosas, não apenas pessoais, mas também das que vivemos na Argentina há muitos anos", afirmou o diretor na entrevista coletiva, em referência aos anos da ditadura militar.

O diretor Pablo Trapero comMartina Gusman eBerenice Bejo Foto: Tony Gentile/ Reuters

A Argentina rica, dos latifundiários, com planícies e cavalos, está representada pela fazenda La Quietud e a relação entre duas belas irmãs, interpretadas por Berenice Bejo e Martina Gusman.

Trapero entra na vida cômoda de uma família de classe alta, para revelar suas mentiras e segredos.

"É difícil falar do presente sem falar do passado. La Quietud é a reconstrução do passado no tempo presente", explica Trapero, que utiliza cenas eróticas, de sexo e masturbação, para contar o lado mais sombrio, oculto, o que ninguém quer saber da própria história e de seu país.

O universo das mulheres é um dos mais abordados nos filmes exibidos em Veneza, apesar das críticas e protestos pela seleção de apenas uma diretora entre as 21 produções da mostra oficial.

Publicidade

"Foi um desafio adicional contar este universo como homem", admitiu Trapero.

A ideia de contar a vida destas "irmãs simbióticas", que protagonizam uma cena de masturbação conjunta, é na realidade um pretexto para revelar as cumplicidades durante a ditadura e contar como algumas fortunas foram obtidas: tomando posse das propriedades dos desaparecidos, entre elas a fazenda La Quietud.

Bejo confessou ainda que foi um desafio e a realização de um "sonho": como filha de argentinos exilados na França queria há muito tempo trabalhar em seu país de nascimento.

"Atuar em espanhol não foi fácil, foi muito emocionante", afirmou a atriz, que definiu o filme como uma "experiência pessoal incrível" e admitiu que em alguns momentos ficou à beira de uma crise.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.