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Nem formato 3D salva 'Premonição 4' da mesmice

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Por Redação
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Dona Morte não consegue mesmo descansar em paz. Foi, mais uma vez, retirada do seu repouso e recrutada por produtores de Hollywood para a quarta parte da franquia "Premonição", que estreia na sexta-feira no Brasil em 3D (apenas na versão dublada), e em cópias convencionais (dubladas e legendadas). Nesse, que é o filme mais dispensável da série, a Morte continua sua incansável tarefa de perseguir e executar um a um os personagens que conseguiram escapar de um acidente no filme original. Desde o primeiro "Premonição" (2000), a ordem dos fatores é sempre a mesma - a mesma sinopse é válida para qualquer um dos filmes. Um acidente horrendo acontece - de avião, na estrada, na montanha-russa e, agora, numa corrida de carros. Uma pessoa aparentemente normal (bem, nem tanto) tem uma visão do que vai ocorrer e salva meia dúzia de outras. Elas passam a ser perseguidas por forças do além e morrem das formas mais bizarras. "Premonição 4" segue à risca todas as instruções do manual da série. Aliás, segue tão rigidamente que o filme é o mais chato de todos. Nem os efeitos em 3D valem o preço do ingresso. Tudo é tão previsível e banal que raramente um filme de suspense consegue ser tão soporífero quanto este. David R. Ellis, que dirigiu o péssimo "Premonição 2" (2003) e o risível "Serpentes a Bordo" (2006), realiza um trabalho mecânico e sem qualquer inspiração, a partir de um roteiro escrito por Eric Bress ("Efeito Borboleta") e Jeffrey Reddick (responsável pelo roteiro de todos os filmes da série). Este roteiro, aliás, poderia muito bem ter saído de um programa de computador, tamanha a falta de originalidade. O primeiro "Premonição" tinha adrenalina, criatividade e surpresas. A premissa é ótima e o acidente impressionante, assim como as mortes ao longo do filme. Nesses dez anos, personagens descartáveis morreram das formas mais inusitadas possíveis. Tudo podia começar com uma gota de líquido que acidentalmente caía dentro do monitor do computador ou numa câmara de bronzeamento artificial. O mais interessante é que não existe um vilão, um assassino à solta. De certa forma, é o próprio destino que dá fim nos personagens. Em "Premonição 4", os roteiristas estão sem idéias, tão sem criatividade que precisam pegar sugestões emprestadas. Uma das mortes é um claro plágio de um conto de Chuck Palahniuk (autor de "Clube da Luta") chamado "Tripas", publicado na coletânea "Assombro". Um texto que ganhou a fama de ter feito muita gente passar mal quando o autor fez leituras públicas para promover o livro. Da grande galeria de personagens descartáveis da série "Premonição", eles nunca foram tão sem graça quanto estes. Não se espera densidade dramática ou desenvolvimento neste tipo de filme, mas, no mínimo, seus protagonistas deveriam parecer pessoas cujas vidas valessem a pena ser preservadas - por isso se torceria por elas. Não é o caso. Os personagens são tão sem graça e irritantes que um alívio toma conta do público toda vez que um sai de cena. Na versão 3D, o filme joga, literalmente, sangue, vísceras, pedaços de metal e qualquer outra coisa na cara do público. O efeito perde a graça pouco depois de alguns litros de sangue "jogados" na platéia, porque não se tem mais nada a oferecer. Resta a esperança de que o fiasco desse "Premonição" torne-o o último da série. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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