Nelson Pereira dos Santos é homenageado em Miami

Cineasta ?imortal? diz não se abalar com má carreira de seu mais recente filme, Brasília 18%, e já planeja novo longa-metragem sobre Tom Jobim

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Por Agencia Estado
Atualização:

?O filme deu errado. Não colou. Agora vamos para o próximo. Não é bom ficar pensando nisso?. Assim Nelson Pereira dos Santos terminou sua conversa com o Estado durante o 10º Festival de Cinema Brasileiro de Miami, logo após receber o troféu Lente de Cristal pela carreira que inclui a direção de clássicos como Vidas Secas e Rio 40 Graus. Nelson Pereira, homenageado desta edição do festival ao lado da atriz Betty Faria, referia-se a seu mais recente filme, Brasília 18%, que esteve pouco tempo em cartaz. "O filme foi cortado rapidinho. Foi um tempo muito curto. Não é um problema exatamente do meu filme. É um problema histórico?, disse. Segundo o diretor, é muito difícil saber se o público recebeu bem o filme ou não. "No mínimo, é polêmico e foi feito assim. Não é moralista. Tem uma outra ordem de organização de idéia. Para mim, é difícil dizer qual foi a relação dele com o público". Pereira dos Santos já fez outros filmes que foram massacrados quando lançados e que ressuscitaram ao longo do tempo. Neste ano, ele foi eleito para ocupar a cadeira que tem Castro Alves como patrono, na Academia Brasileira de Letras. Brasília 18% foi lançado com 40 cópias, mas seria preciso uma grande campanha publicitária para que, em três dias de exibição, o filme fizesse a renda que tem sido exigida. De acordo com o cineasta, o playtime (tempo que o filme permanece em cartaz) é muito curto e o filme precisa ser deglutido, considerado e pensado. ?O único caminho que o cinema brasileiro tem mais liberdade é no DVD, que está crescendo. Mas as vendas nunca vão pagar o custo de produção", afirma. Para ele, o mercado nacional poderia ser gigantesco, mas não existe. "Esta é a grande contradição do cinema nacional. Os filmes brasileiros são lançados à força.? O próximo longa-metragem do diretor é um documentário sobre Tom Jobim, cujo roteiro é dividido com a cantora Miúcha, com quem já havia trabalhado em Raízes do Brasil, cinebiografia do intelectual Sérgio Buarque de Hollanda. O filme será dividido em duas partes e é um "retrato afetivo", baseado no livro da Helena Jobim. A primeira é sobre a vida, a família, os filhos. A outra é sobre a música, a obra. Os três temas preferidos de Tom serão retratados: o Rio de Janeiro, a natureza e a mulher.

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