Nelson Pereira dos Santos é eleito imortal da ABL

O cineasta vai ocupar a cadeira nº 7, que tem Castro Alves como patrono e já foi ocupada por Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Dinah Silveira de Queiroz

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O cineasta Nelson Pereira dos Santos acaba de ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) na cadeira de número 7. Até setembro do ano passado, ela pertencia ao embaixador Sérgio Corrêa da Costa, que faleceu naquele mês. Nelson obteve 27 votos dos 38 válidos. Ronaldo Cunha Lima teve 5 votos e o embaixador Dario Castro Alves, 2, embora tenha retirado sua candidatura. Os outros 3 não tiveram votos e 4 acadêmicos não votaram. Foi a eleição mais longa dos últimos tempos - durou mais de uma hora. Um dos acadêmicos explicou que a eleição foi apenas um dos itens da pauta, que incluiu projetos da nova diretoria. O cineasta vai ocupar a cadeira nº 7, que tem Castro Alves como patrono e já foi ocupada por Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Dinah Silveira de Queiroz (a primeira acadêmica brasileira) e o embaixador Sérgio Corrêa da Costa, que morreu em setembro. Sua obra cinematográfica lhe garante lugar nesse olimpo. São 18 longas-metragens de ficção (o mais recente, Brasília 18 Graus, está em edição), outros tantos documentários para cinema e TV. Há quatro anos, lançou pela Rocco o livro 3 X Rio, compilação dos roteiros de Rio 4O Graus, Rio Zona Norte e Amuleto de Ogum, trilogia que tem a cidade como tema. Esta obra o habilita à imortalidade porque, como diz um deles, "para ser acadêmico, é preciso ter um livro publicado. Ou algo a que se dê este nome". Ao comentar o fato de um cineasta entrar para a Academia Brasileira de Letras, o poeta alagoano Ledo Ivo lembra que a Academia se empenhava para Tom Jobim tornar-se imortal, porque todos entendiam que a MPB precisava de um representante na casa. "Ele teria uma vitória consagradora, mas morreu antes que se abrisse uma vaga. É irônico constatar que, neste caso, morreu o candidato e não o imortal a quem ele sucederia", comenta o poeta, um dos poucos a torcer abertamente por Nelson Pereira por sua ligação com Alagoas, Estado natal dele e de Graciliano Ramos, que também foi da ABL. "Ele é um alagoano honorário, pois filmou Vidas Secas e Memórias do Cárcere."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.