Nas telas, "Má Educação", de Pedro Almodóvar

Novo filme do cineasta espanhol trata dos abusos que ele próprio sofreu quando menino na escola. Leia sobre outras estréias Paranóia domina remake de "Sob o Domínio do Mal Celular vira astro de filme com Kim Basinger

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Por Agencia Estado
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Após ser exibido com êxito de público no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, estréia nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros Má Educação, de Pedro Almodóvar. Em uma entrevista que deu durante o Festival de Cannes, em maio, Almodóvar contou como foi sofrido o processo de criação. Apesar de tudo, não é um grande Almodóvar, embora possua grandes cenas. Baseado nos abusos que ele próprio sofreu, quando menino por parte de padres, na escola que freqüentou, Má Educação nasceu sob o signo do rancor. Foi um roteiro que o diretor reescreveu muitas vezes ao longo dos últimos dez ou 12 anos. Almodóvar começou escrevendo uma história realmente autobiográfica, um ajuste de contas rancoroso e cheio de culpa. Arquivou-o, mas volta e meia voltava àquele escrito. Só bem mais tarde ele descobriu que, para ter distanciamento, precisava transformar a própria história numa ficção. Transformou Má Educação numa investigação de gêneros típica de seu universo - filme noir, melodrama. Resolvido o problema do roteiro restava o problema do ator. Má Educação seria inviável se Pedro não encontrasse o ator certo, capaz de criar três personagens, sendo um deles uma mulher - o travesti em que se transforma o garoto que foi abusado. Foi aí que entrou Gael García Bernal. O ator considera-se um afortunado, com tantos filmes de sucesso em tão pouco tempo - Amores Brutos, E Tua Mãe Também, O Crime do Padre Amaro, Má Educação, Diários de Motocicleta. Ele explica o título. "Pedro conversava muito sobre isso. Não é um filme sobre a má-educação no sentido da escola. É sobre o lado escuro dos padres, mas também do diretor e do falso ator. É o problema de todos. Vivemos num mundo que nos ensina a mentir e essa é a verdadeira mala educación."

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