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'Não Estou Lá' multiplica Bob Dylan e suas músicas

No filme de Todd Haynes, seis atores de peso interpretam o inventivo, complexo e camaleônico cantor

Por Alysson Oliveira e da Reuters
Atualização:

Não Estou Lá, cinebiografia de Bob Dylan, passa longe do convencionalismo do gênero. O longa, que estréia nesta sexta-feira, 21, tenta ser tão inventivo, complexo e camaleônico quanto o músico, reinventando-se a cada cena.   Veja também: Trailer de 'Não Estou Lá'  Com o passar dos anos, rótulos foram sendo colocados em Bob Dylan e sua obra. O mais conhecido é "a voz de uma geração", que ele, aliás, detesta. Exatamente para fugir deste tipo de classificação, ao longo de toda a sua vida Dylan se reinventou - de trovador a cantor gospel, de ídolo folk a pai de família. E o diretor Todd Haynes soube transformar isso em cinema. Na tela, são seis atores se revezando como Dylan - entre eles, um garoto negro (Marcus Carl Franklin) e uma mulher (Cate Blanchett, premiada no Festival de Veneza 2007 por esse trabalho, que também lhe rendeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante. Arthur (Ben Wishaw, de O Perfume) pega seu nome emprestado do famoso poeta francês Arthur Rimbaud. Interrogado por pessoas que nunca vemos, ele destila a sua ironia e subversão. O pequeno Woody (Marcus Carl Franklin) - como Woody Guthrie, um dos ídolos de Dylan - é um garoto de talento excepcional para a música, que vive viajando em vagões de trem pelo interior dos Estados Unidos. Encontra abrigo em diversas casas ao longo do caminho, pessoas que lhe dão um teto, refeição e o ajudam a enfrentar o fantasma da Depressão econômica. Jack (Christian Bale, o atual Batman) conhece sucesso no cenário boêmio do Village com suas canções de protesto para mais tarde se tornar um cristão renascido, compondo no gênero gospel. Conhecemos mais sobre ele por meio de depoimentos dos outros como Alice Fabian (Julianne Moore, de As Horas). Ele rompe os laços com a canção de protesto pouco depois do assassinato de JFK, na mesma época em que Robbie (Heath Ledger, no último filme que o ator viu finalizado) conhece sua futura mulher. Jude (Cate Blanchett) tenta lidar com o sucesso, os flashes e jornalistas intrometidos. Suas respostas nas entrevistas são sempre irônicas e sarcásticas. Em turnê, conhece celebridades do porte dos Beatles, o poeta Allen Ginsberg (David Cross) e um jornalista intrometido (Bruce Greenwood). E, finalmente, Billy (Richard Gere, de Chicago), que vive recluso, totalmente afastado do mundo. Todos os segmentos são muito bem realizados e as idéias, por mais complexas que pareçam à primeira vista, fazem sentido como um todo dentro do filme.

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