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Não cabem mais Carlos Imperiais no mundo

Filme 'Eu Sou Carlos Imperial', de Renato Terra e Ricardo Calil, estreia no festival É Tudo Verdade, em São Paulo

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Por Julio Maria
Atualização:

A existência de Carlos Imperial como homem bem-sucedido na indústria do entretenimento dos anos 60 e 70 é um milagre em si. Mentiroso, cafajeste, vingativo, antiético, aproveitador, ele era tudo isso e assumia-se assim com certo glamour quando percebeu que o personagem que havia criado para si já era maior do que ele mesmo. 

Mas, então, o que sustentava Carlos Imperial? O que fazia com que os donos de gravadoras o ouvissem? Com que os executivos de TV dessem programas a ele? Com que os grandes artistas o procurassem? Aí aparece o outro lado da moeda, como aponta o fabuloso documentário Eu Sou Carlos Imperial, de Renato Terra e Ricardo Calil. Imperial era tudo isso e mais um pouco, muitas vezes, em prol de seus escolhidos. 

Carlos Imperial Foto: Arquivo Pessoal

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Uma espécie de ‘cafajeste solidário’, de ‘canalha gente boa’que pensava no próximo desde que este não pisasse no seu calo. Usava de estratégias das mais infames para chamar atenção a seus clientes. Registrou em seu nome Meu Limão, Meu Limoeiro, uma canção de domínio público, e a deu para que Wilson Simonal voasse à bordo da “pilantragem”, um delírio que, em suma, não era nada, inventada por ele como se fosse um novo gênero. 

Criando suas próprias regras, ele gravou o primeiro disco de Roberto Carlos (que Roberto renega), o primeiro disco de Elis Regina (do qual ela não podia ouvir falar), e deu asas a Simonal, Dudu França, Eduardo Araújo, Toni Tornado. Tornou-se uma lenda em vida repetindo mentiras por mil vezes. Para o bem e para o mal, não cabem mais Carlos Imperiais no mundo.

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