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Na TV e em dois filmes, Marjorie Estiano destaca-se por suas mulheres fortes

Atriz estrela em 'Entre Irmãs' com Nanda Costa e em 'As Boas Maneiras', com Isabel Zuaa

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Marjorie Estiano pertence à elite dos atores que estão com dois filmes no Festival do Rio – Fabiula Nascimento, Marco Pigossi, ela. Marjorie coestrela Entre Irmãs com Nanda Costa e o longa de Breno Silveira, exibido fora de concurso no Rio, estreou em salas de todo o Brasil na quinta, 12. Divide a cena com Isabel Zuaa no filme de Marco Dutra e Juliana Rojas que o repórter considera o melhor da Première Brasil deste ano – As Boas Maneiras. O Rio anuncia neste domingo os vencedores da Première. Vai dar As Boas Maneiras?

Com seu diretor em Entre Irmãs, Marjorie deu entrevista na TV Estado. O assunto não podia ser só o cinema porque ela também é ótima na série Sob Pressão, de Jorge Furtado e Andrucha Waddington, baseada no filme de Andrucha. Todas as faces de Marjorie. Uma médica confrontada com a precariedade do sistema de saúde (Sob Pressão); uma mulher tentando achar seu caminho no Nordeste dos anos 1930 (Entre Irmãs); e essa outra mulher que enfrenta uma gravidez de risco (As Boas Maneiras).

Um olhar. “Eu me sinto privilegiada, por estar mostrando coisas tão diferentes, tudo ao mesmo tempo” Foto: Amanda Perobelli/Estadão

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“Tudo isso representou muito trabalho para mim, mas me sinto privilegiada, por estar mostrando coisas tão diferentes, tudo ao mesmo tempo”, ela avalia. Sob Pressão confronta o público com a realidade em estado bruto. “O que me fascina é esse sentimento de urgência. O filme já era muito bem escrito, muito bem feito, e a série não perdeu nada de sua força. É um assunto que apanha todo mundo, a saúde. O horror do sistema de saúde, tal como funciona no País.” O cinema de gênero em As Boas Maneiras. O terror. A personagem está grávida. Vai gerar... Olha o spoiler. Mas que bebê é esse? Marjorie tem cenas de sexo com Isabel Zuaa, que faz a babá. O que foi mais difícil – a falsa barriga ou a intimidade sexual?

“As pessoas sempre fantasiam muito as cenas de sexo, mas não tem nada menos erótico, quando a gente faz, que o sexo no cinema. O filme (do Marco e da Juliana) é muito bom porque eles são ótimos na criação de clima.” E ainda tem Entre Irmãs. Emilia e Luzia, Marjorie e Nanda Costa. O filme é uma adaptação do romance de Frances de Pontes Peebles. Duas irmãs costureiras. Criadas no sertão, uma mais romântica (Emilia/Marjorie), a outra mais realista, ou amarga, Luzia/Nanda. Luzia sofreu um acidente, ficou com um defeito no braço. É chamada de Vitrola. Acha que o defeito a impedirá de conhecer o amor, de ser feliz. Por isso, quando o cangaceiro Carcará lhe estende a mão, ela não vacila. Vai ser cangaceira.

Breno Silveira é o diretor de 2 Filhos de Francisco, tanto do filme como – agora – do musical. Silveira filmava Gonzaga – De Pai pra Filho no agreste. Já estava fisgado pela vontade de filmar o cangaço, mas o quê? O livro de Frances forneceu-lhe o material. Duas irmãs, uma tentando achar seu caminho na cidade, a outra no cangaço. Um épico – grande pela paisagem, pelos conflitos, pelo tamanho das cenas. A roteirista Patricia Andrade já escreveu Entre Irmãs para Nanda Costa. Ela já era uma reserva, mas a força do filme depende muito da química de Marjorie e Nanda, mesmo que as cenas conjuntas sejam poucas. Cada uma segue seu caminho. “Nunca havia feito um filme assim tão grande, mas o Breno (diretor) passa uma confiança muito grande para a gente. Frances (a escritora) diz que, sem ser autobiográfico, o filme se inspira nas histórias das mulheres fortes de sua família. Para mim, é isso. Um filme sobre a força das mulheres. Há 70 anos atrás, e em condições adversas, Emília e Luzia já estavam procurando seus caminhos. “É uma honra fazer um filme assim, com uma mulher protagonista da própria história e ver que elas, as guerreiras, já existiam antigamente, quando as condições eram muito mais difíceis. Emília e Luzia seguem as escolhas delas e não são poluídas pelos impedimentos sociais de seguir naquilo que desejam ou acreditam. É a própria essência do feminismo”, segundo Marjorie.

Emília sonha com um príncipe encantado, e pensa haver encontrado o seu em Degas, mas o marido termina por decepcioná-la. Luzia, sim, encontra seu príncipe no cangaço – e é o rude Carcará. “O filme reverte expectativas, estereótipos. E, nesse momento em que se debate a cura gay, é impressionante como é atual, falando sobre personagens em situações ocorridas muitas décadas atrás. Feminismo, homossexualidade, acho que vai ser um choque para muita gente.” Como em As Boas Maneiras, Marjorie tem cenas de sexo – com a personagem de Letícia Colin, que faz uma mulher adiante de seu tempo. A sertaneja Emília descobre o mar com Letícia. Ficam nuas e entram mar adentro. Marjorie admite. “Foi minha primeira cena de nu, mas eu confesso que estava assustada por outra coisa. Nadar naquele mar... Ouvem-se tantas histórias de ataques de tubarões. Estava morrendo de medo.”

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