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Na mostra, o curta "Os Pivetes", de François Truffaut

François Truffaut iniciou-se na direção com o curta-metragem Les Mistons (Os Pivetes), de 1957

Por Agencia Estado
Atualização:

François Truffaut (1932-1984) era já bastante conhecido como implacável crítico da Cahiers du Cinéma quando iniciou-se na direção com o curta-metragem Les Mistons (Os Pivetes). Este curta, de 1957, rodado em Nîmes, é a principal atração do programa dedicado ao cineasta francês. Como o espectador irá ver, é um filme cheio de frescor, jovem, solto, no qual tudo soa de maneira muito natural. O ponto de vista adotado é o dos moleques de rua (Truffaut foi um deles), que seguem de perto e atormentam o casal Bernardette Lafont e Gérard Blain, namorados em sua primeira juventude. Retrata, como diz o narrador, a inveja natural da infância que vê o amor surgir nos mais velhos e o deseja, sem ainda estar pronto para ele. Les Mistons já deixa adivinhar o criativo cineasta em que Truffaut se transformaria. Dois anos depois, Truffaut lançaria Os Incompreendidos, seu primeiro longa-metragem, que causou furor no Festival de Cannes de 1959. Na programação do Festival de Curtas-metragens há uma interessante entrevista realizada pela TV canadense com o diretor e dois atores do filme, Albert Rémy, que faz o pai, e Jean-Pierre Léaud, no papel do filho, Antoine Doinel, alter ego de Truffaut. A entrevista é bastante engraçada, dado o notório mal-estar de Truffaut diante de perguntas que deve ter considerado banais. O filme seguinte da programação não é propriamente um curta-metragem, mas o episódio Antoine e Collette, parte do longa-metragem O Amor aos 20 Anos. Mostra o personagem Antoine Doinel, jovem, iniciando-se na arte da conquista amorosa. Há ainda um pequeno documentário realizado depois da morte do diretor, em 1984. Enfim, trata-se de um programa introdutório à obra desse grande cineasta, morto há exatos 20 anos. Semana que vem, para relembrar essa perda, o Cine Sesc realiza uma retrospectiva completa dos seus filmes. Alguns deles, como Jules e Jim, A Mulher do Lado e Beijos Roubados, deveriam ser assistidos de joelhos, se o cinéfilo for mesmo sério.

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