Musicais de Stanley Donen se tornaram grandes clássicos do cinema

O diretor Stanley Donen, que morreu aos 94 anos, fez filmes como 'Cantando na Chuva', 'Charada' e 'Sete Noivas Para Sete Irmãos'

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Por Ubiratan Brasil
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Autor de filmes de ação que unia ação com bom gosto, como Charada (1966), Stanley Donen, que morreu aos 94 anos, se notabilizou, no entanto, por ter dirigido grandes musicais – muitos se tornaram clássicos. Nascido em 1924, ele começou sua carreira como coreógrafo, em 1943, na Metro, em Rainha dos Corações. E, no ano seguinte, faria sua primeira parceria com Gene Kelly, em Modelos. Kelly foi seu grande parceiro – já nesse primeiro encontro, Donen criou uma sequência em que Kelly dança consigo mesmo, em uma rua escura de Manhattan.

'Cantando na Chuva', de Stanley Donen, é o maior musical de todos os tempos Foto: Metro Goldwin Mayer

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O primeiro filme em que dirigiu por inteiro foi Um Dia em Nova York (1949), em que codirigiu com Kelly. Trata-se da história sobre marujos que passam seu dia de folga em Nova York. O filme teve roteiro dos grandes Adolphe Comden e Betty Green, com músicas de Leonard Bernstein. O filme tornou-se histórico por ter sido o primeiro musical a ser filmado em locação.

Mas foi em 1952 que a parceria de Donen com Kelly atingiu o auge da criatividade, bom gosto e talento com Cantando na Chuva, até hoje considerado o maior musical de todos os tempos e um dos melhores filmes já rodados em Hollywood.

Para comprovar que seu talento não dependia apenas do de Kelly, Stanley Donen dirigiu outros clássicos do musical, como Núpcias Reais (1951), antológico pela cena em que Fred Astaire dança pelas paredes e também pelo teto; ou ainda Sete Noivas para Sete Irmãos (1954), marcante por uma das mais vigorosas coreografias que se tem notícia. Seu inestimável toque de elegância pode ser visto emCinderela em Paris (1957), com Audrey Hepburn e novamente Astaire, com canções de George e Ira Gershwin.

Como ninguém é perfeito, Donen também cometeu pecados como dirigir Feitiço no Rio (1984), rodado no Brasil e que nem o grande Michael Caine conseguiu salvar. 

Homem culto, grande profissional do cinema, Donen mostrou isso em Um Caminho para Dois (1965), com Audrey Hepburn e Albert Finney – ele sempre foi atraído pelo tema da dupla amorosa e pelos comprometimentos daí decorrentes. Nesse filme, Donen mostra que estava atento às transformações que ocorriam no cinema europeu da época e incorpora, à produção de Hollywood, conceitos de linguagem (e de utilização do tempo e do espaço) que o francês Alain Resnais vinha desenvolvendo por meio de clássicos como Hiroshima, Meu Amor e O Ano Passado em Marienbad

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