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Movimento em defesa do Belas Artes faz ato na quinta

Por Agencia Estado
Atualização:

Membros da associação Viva o Belas Artes marcaram para o início da tarde desta quinta-feira uma manifestação na frente do Cine Belas Artes, um dos mais tradicionais da cidade, contra o fechamento definitivo das salas, previsto para a noite de amanhã. Segundo Roberto Loeb, presidente da associação, o objetivo é propiciar um debate entre diversos setores da sociedade para levantar alternativas para o encerramento das atividades do cinema. De acordo com Loeb, os boatos com relação ao fechamento do Belas Artes - que seria motivado pelo alto aluguel do prédio e pelo número pequeno de freqüentadores - começaram há pouco mais de duas semanas. Foi então que jornalistas, cineastas, estudantes e profissionais de outras áreas resolveram fundar a associação. O fechamento ocorreria para que fosse iniciada a ampla reforma anunciada no ano passado pelo grupo carioca Estação. A direção do cinema e do Estação, no entanto, não foram encontradas pela reportagem para confirmar a informação. "O Belas Artes é um verdadeiro patrimônio da cidade. Foi o ponto de encontro da cultura paulista de toda uma geração. Costumávamos brincar, durante os anos da repressão, que íamos ao Belas Artes para respirar um pouco de oxigênio", diz Loeb. Durante a década de 80, o Belas Artes transformou-se no principal endereço do chamado cinema de arte, exibindo filmes de Jean-Luc Godard, Michelangelo Antonioni e Federico Fellini, entre outros diretores. "Minha geração aprendeu sobre cinema no Belas Artes, costumamos dizer que os fantasmas destes e de outros grandes diretores vagam pelas salas de exibição e por toda a região, observando as bancas de livro, subindo da Consolação em direção à Avenida Paulista." Preservação - A proposta da associação não inclui apenas o Belas Artes, mas também a revitalização de todo o cruzamento da rua da Consolação com a Avenida Paulista. "Não podemos deixar esta região se transformar em uma espécie de limbo urbano. Preservar o Belas Artes inclui também uma preocupação com todo o cruzamento, estimulando e regularizando as bancas de livros que ali se instalam, apoiando, na verdade, todas as atividades da região", afirma Loeb, arquiteto responsável, entre outros projetos, pela Casa de Cultura de Israel, na Avenida Dr. Arnaldo, e pelo prédio do Itaú Cultural, também instalado na Avenida Paulista. Segundo informações não oficiais, um estacionamento, um templo evangélico, ou mesmo um novo cineclube poderá ser instalado no lugar em que está localizado o Belas Artes. "Mais um estacionamento? É preciso lutar para manter no local uma atividade que signifique algo para a vida da cidade e de seus habitantes", diz Loeb.

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