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Mostra reúne produções sobre índios do Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Pascoal Samora explica o conceito da série Ao Sul da Paisagem. Ela surgiu quando Samora conheceu o professor Hans Dieter, do Departamento de Geografia da USP, coordenador do Grupo de Estudos da Paisagem na Universidade. Uma paisagem só existe em função do olhar humano, que a delimita e lhe dá um sentido. Partindo dessa idéia embarcou no projeto da Grifa, uma produtora especializada em filmes para televisão. Fez (está fazendo) seis documentários ligados ao assunto. Paisagem e Memória ganhou menção honrosa do júri na Mostra Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Paisagem e Sagrado abre nesta quinta-feira, às 21h30, para convidados, no Espaço Unibanco de Cinema - Sala 1, a mostra Brasis Indígenas. O filme de Samora terá nova sessão no domingo, às 19h30. A mostra é uma realização do Instituto Goethe e da USP, por meio do seu Departamento de Antropologia, ao qual pertence a curadora do evento, Paula Morgado. Ela diz o que pretendeu - cruzar olhares reveladores sobre o índio brasileiro. Olhares de diretores nacionais, de estrangeiros, todos convergindo para traçar na tela um retrato dos Brasis indígenas, pois essa multiplicidade é que faz a própria identidade nacional. O filme de Samora inscreve-se à perfeição no projeto e, por isso, foi escolhido para abrir a mostra, que vai até o dia 22. Na abertura, também serão lançados três livros que resgatam a história da cultura indígena - Grafismo Indígena, História do Peixe Tesoura e Artesanato Waiãpi - e vai ser inaugurada exposição com desenhos de índios do Amapá. Samora filmou, em 16 milímetros, na reserva de Trinidad, no Paraguai. Dá voz aos índios guaranis, por meio do cacique Teodoro, que também é professor na aldeia, ensinando às crianças guaranis o básico de sua cultura, para que elas não se esqueçam de quem são. Na base da mitologia guarani está o conceito do grande dilúvio, origem de toda vida. Samora relaciona essa idéia à da inundação das Sete Quedas para a construção da Usina de Iguaçu, que forçou os guaranis a abandonarem suas terras e a iniciarem a diáspora da tribo. É um belo trabalho, feito com sensibilidade e inteligência para resgatar a relação do índio com o sagrado.

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