Mostra reivindica mais espaço para o talento feminino

Evento vai apresentar 28 filmes dirigidos por mulheres em quatro seções, sendo duas delas competitivas

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

O FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema surge em momento especial de consciência sobre a discriminação de gênero no País (e no mundo). Não se trata de impressionismo. Segundo dados da Ancine, dos filmes brasileiros produzidos entre 2009 e 2016, apenas 17% foram dirigidos por mulheres. Se formos pensar em mulheres negras, esses números seriam ainda mais pífios.  O festival, organizado por Minom Pinho e Zita Carvalhosa, começa nesta quarta-feira, 4, com a exibição de Que Língua Você Fala?, de Elisa Bracher, abordando o enfrentamento de migrantes e imigrantes a uma nova cultura. 

O evento reúne 28 filmes, divididos em quatro mostras, sendo duas competitivas (brasileira e internacional) e duas informativas. Haverá também mesas de debates sobre a equidade de gênero – tema e motivação maior do festival. 

'Xica da Silva'. Zezé Motta no filme de Cacá Diegues (1976) Foto: SAGRES FILMES

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Vale destacar alguns títulos da competição brasileira: Baronesa, de Juliana Antunes, é um docudrama sobre duas amigas que moram numa comunidade em Minas Gerais, em meio ao tráfico de drogas e dificuldades de sobrevivência. 

Em registro e temática bem diferentes, Como É Cruel Viver Assim, de Julia Rezende, reedita, em tom brasileiro, o tônus da grande comédia italiana, aquela de Mario Monicelli e Dino Risi. A história é a de um grupo de trapalhões que decide cometer um sequestro para dar jeito na vida. O filme lembra, em comicidade e crítica social, Os Eternos Desconhecidos, de Monicelli. 

Em Desarquivando Alice Gonzaga, Betse de Paula fala da presidente da Cinédia, uma arquivista e memorialista de mão forte, herdeira da companhia fundada por Adhemar Gonzaga. Boa parte da história do cinema brasileiro passa por esses implacáveis arquivos administrados por Alice Gonzaga nas dependências da Cinédia. 

Em O Desmonte do Monte, estreia na direção de Sinai Sganzerla, revê-se o criminoso desmanche do Morro do Castelo, no Rio, por alegadas razões urbanísticas. Trabalhando com material de arquivo, entrevistas, música e um aguçado senso da cultura brasileira, Sinai mostra como essas intervenções urbanas são, com frequência, subordinadas aos interesses da especulação imobiliária e não aos da população. 

O público votará, ao final de cada uma das sessões, para eleger os vencedores de cada mostra. Mais informações podem ser obtidas no site do festival, www.fimcine.com.br, ou no Facebook: facebook.com/fimcine. 

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