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Mostra recupera obra de João César Monteiro

Até setembro, o Centro Cultural Banco do Brasil exibe a obra completa, com 21 trabalhos, do controvertido cineasta português Visite o site do CCBB

Por Agencia Estado
Atualização:

Gênio para alguns, impostor para outros, o cineasta português João César Monteiro deixou uma obra marcada pela contundência. Quando morreu, em fevereiro do ano passado, aos 64 anos, Monteiro foi lembrado pelos filmes singulares, cuja principal característica é o humor subversivo. O Centro Cultural Banco do Brasil inicia hoje a mostra Integral João César Monteiro, que vai exibir toda a obra do diretor, inclusive os curtas, num total de 21 obras. Quem nunca assistiu a um filme de Monteiro, a experiência pode ser marcante. Seu primeiro filme finalizado é o curta Sophia de Mello Breyner Andresen (1969), um suposto documentário sobre a poetisa portuguesa homônima, falecida neste ano. Começou, assim, uma a longa carreira de polêmicas e escândalos que seria uma das constantes da obra de João César Monteiro - em diferentes ocasiões, foi chamado de tarado, fetichista, exibicionista, vadio. No Brasil, seu primeiro filme exibido foi A Comédia de Deus, em 1996, e surpreendeu com um erotismo exótico: João de Deus, personagem interpretado por ele e que voltaria nos longas seguintes, é o inventor do sorvete Paraíso, um grande sucesso. A desgraça chega, porém, quando se descobre sua fórmula infalível: um extrato de pêlos pubianos de lindas donzelas. O filme ganhou o Grande Prêmio Especial do júri do Festival de Veneza. A fama permitiu-lhe voltar com As Bodas de Deus (1998) em que, no início, João de Deus aparece vestindo uma camisa da seleção brasileira de futebol, uniforme com que recebe a visita de um anjo trazendo uma maleta recheada de dólares. Com isso, ele se transforma em um barão libertino. Monteiro rodou um de seus filmes mais controvertidos em 2002, Branca de Neve, que causou um escândalo em Portugal. Dessa vez, não foi apenas seu humor desabusado, mas o fato de o governo ter subvencionado um filme em que a tela mantém-se escura na maior parte do tempo, só com vozes em cena. A exceção: uns poucos planos de céu e de ruínas, e das fotos de um poeta louco, morto na neve. Cineasta do ritual subversivo e homem da tensão permanente (com tudo e contra todos), dono de um desconcertante humor, João César Monteiro certa vez declarou: "Olho à minha volta e vejo que tudo acaba mal." Integral João César Monteiro - Hoje, 15 horas, A Mãe, Os Dois Soldados e O Amor das Três Romãs; 16h45, Sophia de Mello Breyner Andresen, Fragmentos de um Filme-Esmola; 18h30, Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço e Que Farei Eu com Esta Espada?; 20h30, Branca de Neve. Veja a programação completa no site do CCBB. Centro Cultural Banco do Brasil, Rua Álvares Penteado, 112, Centro, 3113-3651, metrô Sé. Grátis - retirar senha com meia hora de antecedência. Até 12/9

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