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Mostra gratuita de filmes de terror pega carona na celebração do Halloween

'macaBRo – Horror Brasileiro Contemporâneo', com curadoria de Breno Lira e Carlos Primati, está disponível na plataforma Darkflix

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Breno Lira Gomes não se sente muito confortável com a etiqueta 'novo terror' para designar filmes, principalmente no cinema norte-americano, marcados por temas políticos e sociais. “Isso não é uma invenção de Jordan Peele no Corra!, já havia essa preocupação no (Roman) Polanski quando fez O Bebê de Rosemary e ela está sempre presente nos filmes de gênero de George A. Romero.” Justamente os filmes de gênero. Comédias, musicais, faroestes, ficções científicas são gêneros, mas hoje em dia quando se fala em cinema de gênero pensa-se automaticamente em terror. O próprio Bruno especifica – filme de gênero de terror.

Começa nesta quarta, 28, a mostra macaBRo – Horror Brasileiro Contemporâneo, com curadoria de Breno Lira e Carlos Primati, que o primeiro considera a grande referência quando se fala nesse tipo de cinema de gênero no País. A iniciativa é do CCBB e estará disponível, de forma remota e gratuita, para todo o Brasil, na plataforma www.darkflix.com.br/macabro, inteiramente voltada ao cinema fantástico.

Cena do filme 'O Animal Cordial', deGabriela Amaral Almeida Foto: Vermelho Profundo

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Breno fez a curadoria da mostra Stephen King – O Medo É Seu Melhor Companheiro, no próprio CCBB. Tem outra mostra engatilhada – sobre o astro Steve McQueen, curadoria de Mario Abadde –, que inicialmente estava programada para maio, mas agora deve ficar para o ano que vem. macaBRo pega carona na celebração do Halloween, no sábado, dia 31.

Breno tem suas preferências quando se fala no gênero terror, ou horror. Não se esquece da primeira vez que viu À Meia-Noite Levarei Sua Alma, de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Aquela figura estranhíssima da cigana, no começo, que fala com o espectador e ameaça que algo lhe ocorrerá, se não vir o filme, mexeu com ele. Esse mesmo medo Breno sentiu ao ver Psicose, de Alfred Hitchcock, de 1960, que a maioria da crítica considera suspense e ele, como o repórter, nomeia como terror. Aquela mãe sinistra, a morte a facadas no chuveiro. Socorro!

Brincadeiras à parte, Breno não acredita que o terror deva necessariamente provocar medo, ou dar sustos no público. Mas tem de ter uma história de clima macabro, sombrio, que permaneça com o público. Agora mesmo ele revela que está ligado em Desalma, a nova série de Ana Paula Maia, direção de Carlos Manga Jr., no Globoplay. Se quer falar de 'clima' é o que Ana Paula e Manga Jr. criam – com brilho.

Nos últimos cinco anos, como observador acurado, Breno viu a produção de gênero multiplicar-se no cinema brasileiro. Carlos Primati e ele propuseram a mostra ao CCBB, que topou. Cada um fez sua lista de 50 títulos, entre curtas e longas, que seriam imperdíveis numa mostra de horror/terror brasileiro. As listas bateram e, no limite, descontados alguns títulos incompatíveis por questões de direitos de plataformas e quetais, sobraram os 44 que integram a programação. O Mojica não poderia faltar, nem autores como a Gabriela Amaral e o Dennison Ramalho, que têm uma assinatura, por meio de filmes como O Animal Cordial e Morto não Fala. “O Brasil se reflete nesses filmes, a tal problemática política e social de que falamos antes. É impossível não identificar questões como preconceito e desigualdade naquele restaurante da Gabriela.”

Entre os longas programados estão os citados Morto Não Fala e O Animal Cordial e também Sem Seu Sangue, de Alice Furtado, que estreou no Festival de Cannes, O Cemitério das Almas Perdidas, de Rodrigo Aragão, que teve pré-estreia no Belas Artes Drive-in, Quando Eu Era Vivo, de Marco Dutra, Terminal Praia Grande, de Mavi Simão, O Clube dos Canibais, de Guto Parente,  A Casa de Cecília, de Clarissa Appelt, Condado Macabro, de André de Campos Mello e Marcos DeBrito, Mal Nosso, de Samuel Galli, entre outros. Os curtas integram as sessões de homenagens à produtora especializada Vermelho Profundo e também aos criadores – Gabriela, Dennison e Mojica.

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A mostra ocorre até 23 de novembro e os filmes ficarão disponíveis com limite de visualizações e por 24 horas, no caso dos longas, e durante uma semana, no dos curtas. O evento também promove cursos e palestras com inscrições via  Sympla e lives disponíveis no YouTube e no Instagram da @blgentretenimento, sem necessidade de agendamento prévio.

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