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Mostra em SP leva HQs ao cinema

Como parte da feira de quadrinhos do CCSP, mostra reúne adaptações que vão do recente Homem-Aranha a um antigo Flash Gordon, de 1940

Por Agencia Estado
Atualização:

De hoje ao dia 27, o Centro Cultural São Paulo apresentará uma série de filmes que farão a delícia dos fãs de quadrinhos. O evento ocorre no quadro da Feira de HQs que se realiza atualmente no CCSP, na Avenida Vergueiro, 1000. E serve de aquecimento para a próxima estréia, no dia 1.º, de X-Men 2. A superaventura de Bryan Singer estréia um dia antes no Brasil, para aproveitar o feriadão. Nos EUA, a estréia ocorrerá somente no dia 2. Durante anos, o diretor francês Alain Resnais, grande admirador de HQs, tentou verter para o cinema as aventuras de Mandrake. O projeto nunca se concretizou, e Resnais terminou fazendo, ligado aos quadrinhos, seu filme possivelmente mais discutido, I Want to Go Home. Muitos críticos e diretores acham que cinema e quadrinhos têm tudo a ver. A planificação dos quadrinhos seria comparável ao storyboard cinematográfico. É parcialmente verdadeiro. O problema é que o storyboard é só uma ferramenta. Não é cinema. Como linguagem própria, os quadrinhos oferecem interesse indiscutível e há tempos deixaram de ser diversão alienada para se alçar à condição de arte. Autores de quadrinhos são hoje reputados como grandes artistas gráficos e, cada vez mais, os estudiosos desse tipo de material acham que é possível mapear, por meio da saga dos heróis, as mudanças pelas quais passa a sociedade norte-americana. A própria seleção dos títulos que integram a programação do CCSP permite uma abordagem desse tipo. São quatro filmes de Batman, da nova fase iniciada por Tim Burton no fim dos anos 1980, e mais aventuras de Spawn, Do Inferno, Estrada da Perdição e, naturalmente, do Homem-Aranha. É possível inclusive viajar no tempo para apreciar um velho Flash Gordon lançado em 1940. Quase todos esses heróis foram feitos nos EUA, ligados à Marvel Comics, o grande império dos quadrinhos. Essa seria outra história muito atraente, sobre como uma empresa consegue estabelecer uma hegemonia no seu setor. Isso se faz com a criatividade dos artistas a ela ligados, mas também obedecendo a estratégias de marketing muito bem estabelecidas, planejadas e executadas. A exceção não é um herói americano, mas Akira, baseado num mangá, do japonês Katsushiro Otomo. A história do menino, integrante de uma gangue de rua, que é transformado em guerrilheiro urbano, dotado de poderes especiais, numa experiência do Exército após a 3.ª Guerra Mundial, em Neo-Tóquio, veicula os temores do homem em relação ao futuro e a velhos traumas da sociedade japonesa, que foi, afinal, quem sofreu as conseqüências das explosões atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki no fim da 2.ª Grande Guerra. Há ainda duas aventuras de Astérix e Obélix, os heróis criados na França por Uderzo e Goscinny. Na segunda, entra em cena a deusa Monica Bellucci como Cleópatra, mas o diretor Alain Chabat não foi muito sensível à sua beleza.

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