Mostra de cinema disseca o fenômeno da e-music

O ciclo Supersônica, que começa hoje no CCBB, reúne documentários sobre a evolução e o impacto da música eletrônica

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Por Agencia Estado
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Da invenção do theremin, instrumento pioneiro de 1919, à popularização das raves no fim do século 20, a idéia da criação musical por meios exclusivamente eletrônicos sempre provocou um misto de deslumbre e aversão no ouvinte. A mostra de cinema Supersônica - Semana da Música Eletrônica, que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil, joga um pouco mais de luz sobre essa vasta, sempre mutante e poucas vezes compreendida vertente sonora. Mas não só isso: convida a uma oportuna discussão em torno do fenômeno atual e seus efeitos sobre a sociedade e a juventude consumidora desse poderoso nicho de diversão. História, tendências, inovações técnicas, comportamento, influências, conquistas, fusões, questões sociais e políticas, drogas, evolução dos gêneros, fórmulas, afirmação de identidade, preconceito - tudo isso é abordado em filmes pertinentes para leigos e iniciados. Entre eles, Ground (do Under ao Over), de Cristiano Winter, Mutiny, de Vivek Bald, Theremin: Uma Odisséia Eletrônica, de Steven M. Martin, e Operação Cavalo de Tróia, de Laura Tafarel e Axel Weisz. Duas produções, Modulations, de Iara Lee, e Better Living Through Circuitry (Melhor Viver Ligado) já foram exibidas em outras mostras em São Paulo. As demais são inéditas. A curadoria é da produtora e diretora de cinema Camilla Ribas. Como as legiões que rejeitam qualquer espécie de som produzido digitalmente, Camilla confessa que tinha certo preconceito, mas a curiosidade a fez mudar de opinião e levou-a a idealizar essa mostra panorâmica. "Quis dar uma ampla visão não da música eletrônica, mas do mundo que a envolve. Qual a relação de identidade que a gente tem com ela? Ao mesmo tempo que está no mainstream, em todas as classes sociais e boates do mundo, a e-music ainda é marginal, porque ninguém a discute", diz Camilla. "As pessoas ainda associam as raves a consumo de drogas, agressividade, loucura. Nesses filmes, no entanto, a música eletrônica está sempre colocada dentro de um contexto de paz", defende. A Love Parade, por exemplo, que a cada ano arrasta milhões de pessoas às ruas de Berlim ao som de tecno, existe com esse propósito. "A mostra está aberta para discutir porque esse tipo de som provoca essa enorme catarse, como as pessoas aceitam a atitude da garotada." Supersônica - Semana da Música Eletrônica. De terça a sexta, 17 horas e 19 horas; sábado e domingo, às 15h30, 17h30 e 19h30. R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). Centro Cultural Banco Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, centro, tel. 3113-3651. Até 18/4.

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