Morte de Minghella provoca comoção no mundo cultural

Cineasta morreu nesta terça-feira, 18, em decorrência de uma hemorragia cerebral, em Londres

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Por Redação
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A morte, aos 54 anos, do cineasta inglês Anthony Minghella, diretor de filmes renomados como O Paciente Inglês (1996), pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Diretor, e O Talentoso Sr. Ripley (1999), deixa um grande vazio no mundo da cultura dentro e fora do Reino Unido.   Veja trailer de 'O Paciente Inglês'    Minghella morreu nesta terça-feira, 18, às 5h (2h de Brasília) em decorrência de uma hemorragia cerebral no hospital de Charing Cross, em Londres, onde havia passado por uma cirurgia na semana passada para a retirada de um tumor no pescoço, conforme relatou seu agente.   Após a divulgação da notícia de sua morte, representantes de todos os segmentos da sociedade do Reino Unido expressaram seu pesar pela perda de um dos criadores mais influentes do país, que sempre teve um grande compromisso com seu cinema.   O ator Ralph Fiennes, que trabalhou com Minghella em O Paciente Inglês, disse estar "desolado" com a morte do cineasta, que descreveu como sendo um grande diretor de atores e alguém "que sempre quis chegar ao ponto principal do assunto".   Jude Law, que foi dirigido por Minghella em três filmes, incluindo O Talentoso Sr. Ripley - uma adaptação do livro de Patricia Highsmith -, disse estar "profundamente comovido e entristecido" pela morte do cineasta.   Law elogiou o "brilhante talento" de Minghella como diretor e roteirista e o descreveu como "um homem doce, terno, inteligente e divertido".   Amigo próximo à Minghella, o produtor David Puttnam - responsável, entre outras, pela estréia cinematográfica de Ridley Scott com Os Duelistas (1977) -, afirmou que a indústria cultural lamentará a perda de um colega "muito querido".   "(Minghella) começou escrevendo e, como diretor, não se apegava a estilos. Ele via a si mesmo como um contador de histórias, e seus filmes eram muito bem contados, muito bem feitos e interpretados", completou Puttnam, também lorde pelo Partido Trabalhista.   O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse que Minghella era "um grande amigo" e "um dos maiores talentos criativos" do país.   O ex-primeiro-ministro Tony Blair, que rodou com o cineasta e Brown um anúncio publicitário para a campanha eleitoral trabalhista de 2005, descreveu o diretor como um ser humano "maravilhoso, criativo e brilhante, mas, mesmo assim, humilde, gentil e uma boa companhia".   Minghella estrearia na noite desta terça, 18, no British Filme Institute (BFI, na sigla em inglês) sua última obra, The No. 1 Ladies Detective Agency, rodada em Botsuana para a emissora de televisão BBC.   A morte do diretor causou grande comoção no mundo da cultura do Reino Unido, no qual era uma figura de destaque não apenas por seu trabalho como cineasta, pelo qual foi reconhecido em Hollywood e em seu país, mas também por ter sido presidente do BFI, cargo que ocupou até este mês.   Quando assumiu a chefia do BFI, em 2003, Minghella se comprometeu a trabalhar para aumentar a produção no Reino Unido, onde, para ele, não se faziam "filmes suficientes" e não havia "estúdios suficientes".   Filho de pai de origem italiana e mãe britânica residentes na ilha de Wight (sul da Inglaterra), onde ele nasceu em 1954, Minghella foi criado com seus quatro irmãos ajudando na sorveteria da família, mas sempre quis se dedicar a escrever.   O cineasta se formou na Universidade de Hull, no norte inglês, onde conheceu sua esposa, a coreógrafa Carolyn Choa, com a qual teve dois filhos.   Conhecido por sua calvície e seu sorriso, Minghella começou escrevendo para rádio e televisão antes de saltar para a telona.   Um Romance do Outro Mundo, o primeiro filme do cineasta, estreou em 1991 e foi sucesso de bilheteria. Cinco anos depois, veio o sucesso mundial com O Paciente Inglês, adaptação do romance de mesmo nome escrito por Michael Ondaatje que recebeu nove Oscar, entre eles os de melhor filme e diretor.   Em seguida, vieram filmes como O Talentoso Sr. Ripley, que foi candidato a cinco estatuetas, e até uma montagem de ópera, a de Madame Butterfly de Puccini para a Ópera Metropolitana de Nova York, em 2006, que recebeu o prêmio Olivier de melhor produção cênica.   Minghella também dirigiu o filme Cold Mountain (2003), protagonizado por Nicole Kidman e Jude Law, que foi indicado a sete prêmios Oscar e deu a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante para Renée Zellweger.

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