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Morre Shohei Imamura, duas vezes Palma de Ouro em Cannes

O cineasta japonês foi premiado no festival francês com seus filmes A Balada de Narayama (1983) e A Enguia (1997)

Por Agencia Estado
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O diretor japonês Shohei Imamura, uns dos poucos cineastas estrangeiros a ganhar duas vezes a Palma de Ouro no Festival de Cannes, morreu nesta terça-feira de câncer, aos 79 anos, em um hospital da cidade francesa, informaram fontes da indústria cinematográfica. Imamura recebeu o prêmio mais importante do festival francês pela primeira vez em 1983, com A Balada de Narayama (Narayama Bushiko), a história de um povoado que sobrevive ao clima rigoroso e à escassez de alimentos abandonando as pessoas com mais de 70 anos no monte Narayama. A vitória em Cannes se repetiu em 1997 com A Enguia (Unagi), filme sobre a relação de um ex-presidiário que tenta recomeçar sua vida como barbeiro e uma jovem que aceita trabalhar com ele. A crítica internacional destacava seu humanismo e seu inconformismo, com o qual mostrava as contradições de uma sociedade que mudava suas tradições com o consumismo. Nascido em Tóquio, Imamura começou a trabalhar em 1951 nos estúdios Shochiku, onde foi ajudante de Yasujiro Ozu, cineasta a quem criticava por anular a expressão dos atores com seu estilo frio de direção. Anos depois foi contratado por Nikkatsu, uma produtora grande e famosa por seus filmes pornôs leves, experiência que se refletiu na comédia The Pornographers (1966) na qual Imamura descreve as aventuras de um diretor ao trabalhar com este gênero, considerado ilegal no Japão na época. Imamura fundou sua própria produtora, Imamura Productions, e era professor na Escola de Cinema de Yokohama, ao sul de Tóquio. Ao saber que ganhara sua primeira Palma de Ouro em Cannes, Imamura lembrou os organizadores de suas obrigações com seus alunos e enviou um representante para receber o prêmio. Em sua filmografia, comparada à de diretores clássicos japoneses como Yasujiro Ozu, Akira Kurosawa e Kenji Mizoguchi, destacam-se também Doutor Akagi (1998), Minha Vingança (1979) e A Mulher Inseto (1963). Sua última participação no cinema foi um curta metragem que fez parte do filme 11 de setembro (2002).

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