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Morre o cineasta Rogério Sganzerla

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Por Agencia Estado
Atualização:

O cineasta Rogério Sganzerla morreu na manhã desta sexta-feira aos 57 anos. Ele estava internado há cerca de 20 dias no Hospital do Câncer de São Paulo. Sganzerla sofria de câncer no cérebro. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, a morte do cineasta deveu-se a uma metástase cerebral. Seu corpo está sendo velado na Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, tel.: 5084-2177) e será cremado às 10 horas deste sábado no Crematório de Vila Alpina. Mas suas cinzas serão levadas para sua terra natal, segundo desejo da viúva, a atriz Helena Ignez, com quem Rogério teve duas filhas, Sinai e Djin. Um dos filmes mais aclamados pela originalidade de sua direção é O Bandido da Luz Vermelha, de 1968. Recentemente, no Festival de Brasília de 2003, ele apresentou o filme O Signo do Caos, que foi muito bem recebido pelo público e lhe rendeu o prêmio de melhor direção do festival. Já doente e impossibilitado de receber o prêmio, foi representado por uma de suas filhas, Djin, e pela mulher Helena Ignez. O cineasta, catarinense de Joaçaba, tem em sua vasta filmografia títulos como Sem Essa, Aranha (1970), Copacabana Mon Amour (1970), A Mulher de Todos (1969), Nem Tudo É Verdade (1985). Em muitos deles há a marca de sua fixação pela atriz Helena Ignes, sua mulher. Dirigiu alguns filmes obscuros, por vezes incompreensíveis. Escreveu um livro, Por um Cinema sem Limites e foi crítico de cinema do Jornal da Tarde. Sobre seu último filme, O Signo do Caos, Sganzerla disse que se tratava de uma defesa do cinema contra "os burocratas". Em entrevista ao Estado no ano passado, ele se referiu a seu ídolo, Orson Welles, que não pôde controlar a edição de It´s All True e por isso o deixou inacabado. "Desde aquela época, os burocratas vêm liquidando com o cinema. Meu filme é uma defesa do cinema", disse ele em junho de 2003. A narrativa de O Signo do Caos aborda exatamente este problema. E recria a vinda de Welles ao Brasil para rodar It´s All True. Em uma espécie de alfândega, funcionários chefiados pelo burocrata Dr. Amnésio, controlam a entrada e saída de todo tipo de material. Até que são confrontados com uma carga com material cinematográfico. E aí está feita a alegoria do poder da burocracia sobre o cinema. A obra-prima de Rogério Sganzerla, O Bandido da Luz Vermelha, está programada para ser exibida na TV pelo Canal Brasil durante a série comemorativa dos 450 anos do aniversário de São Paulo, Sampa 450 Anos. Leia mais: O cinema de Sganzerla, por Luiz Zanin Oricchio Perfil de Sganzerla, por Luiz Zanin Oricchio "Perdemos o Godard brasileiro", dizem cineastas Ministro Gil lamenta morte de Sganzerla Confira a filmografia do cineasta: 2002 - Signo do Caos 1998 - Tudo é Brasil 1992 ? Oswaldianas (Perigo Negro) 1990 ? Noel (média-metragem) 1989 - Linguagem de Orson Welles (curta-metragem) 1986 - Nem Tudo é Verdade 1981 - Noel por Noel (curtametragem) 1977 - O Abismo 1977 - Viagem e Descrição do Rio Guanabara por Ocasião da França Antártica (Villegaignon) 1977 ? Mudança de Hendrix 1971 - Fora do Baralho 1970 - Copacabana Mon Amour 1970 - Carnaval na Lama (Betty Bomba, a Exibicionista) 1970 - Sem Essa Aranha 1969 ? A Mulher de Todos 1968 - O Bandido da Luz Vermelha 1968 ? História em Quadrinhos (curta-metragem) 1966 - Documentário (curta-metragem)

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