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Morre o cineasta Elia Kazan

Por Agencia Estado
Atualização:

Elia Kazan, o cineasta de Sindicato dos Ladrões, Uma Rua Chamada Pecado e O Último Magnata, morreu neste domingo, informou sua advogada. Turco de nascimento, mas vivendo em Nova York a partir de seus quatro anos, Kazan morreu aos 94 anos. Diretor consagrado para alguns e delator de comunistas para outros, o nome Elia Kazan desperta paixões pró e contra nos Estados Unidos. Apesar de suas contribuições à arte terem sido incontestáveis, a pecha de colaborador do macarthismo, a perseguição contra americanos de esquerda nos anos 50, nunca o deixou. Kazan foi um dos grandes diretores não americanos do cinema americano. Ganhou quatro Oscar por dois filmes: A Luz É Para Todos (1948) e Sindicato dos Ladrões (1954) venceram ambos os prêmios de melhor filme e direção. Além disso, credita-se a ele a descoberta de Marlon Brando e Warren Beatty. Fora da tela grande, ele também se destacou no teatro. Cinco das peças que dirigiu renderam aos autores prêmios Pulitzer, incluindo aí Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. Por J.B, ele recebeu o Tony, prêmio máximo do teatro nos EUA. Além disso, foi fundador do Actor?s Studio, escola que hoje é referência na arte dramática. Mas Kazan compareceu ao Comitê de Atividades Anti-Americanas, onde eram feitos os interrogatórios do macarthismo, e delatou pessoas que haviam sido seus companhieiros no Partido Comunista nos anos 30. E não deu sinais de arrependimento até seus últimos dias. ?Há uma tristeza normal em machucar as pessoas, mas eu preferi machucá-las um pouco do que me machucar muito?, disse. O gesto classificado por muitos como traição não se descolou mais do cineasta. Em 1999, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas conferiu a Kazan um Oscar pelo conjunto da obra. A escolha reabriu as feridas e muitos prometeram não aplaudir o diretor. Nick Nolte, por exemplo, não se levantou e amarrou a cara. Kazan agredeceu louvando a coragem e a generosidade da Academia.

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