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Mogli volta aos cinemas em nova aventura

O Menino Lobo 2, que estréia hoje, começa onde o filme de 1942 terminou, na aldeia dos homens. Na seqüência da Disney, o menino terá de escolher se volta à selva ou permanece entre humanos

Por Agencia Estado
Atualização:

Em 1967, Mogli - O Menino Lobo, de Wolfgang Reithermann, foi considerado um dos melhores desenhos até então produzidos pela Disney. A adaptação livre de O Livro da Selva, que Zoltan Korda já havia transposto para o cinema, em live action, com Sabu, em 1942, encantou o público com suas canções, a empatia do garoto e de personagens como o urso Balu e a pantera Baguera. A boa nova é que a Disney, 36 anos depois, resolveu promover uma seqüência para a saga do menino criado por lobos e o filme de Steve Trenbirth, que estréia hoje, possui encantos suficientes para continuar atraindo os fãs de Mogli. Mogli - O Menino Lobo 2 começa onde o primeiro filme terminava. Mogli está na aldeia dos homens e participa de uma encenação mostrando como ele próprio derrotou o vilão de sua história, o voraz tigre Shere Khan. Mogli tem uma família, uma (quase) namorada, mas percebe-se que está insatisfeito da vida. Seu pai adotivo observa que é mais fácil tirar um menino da selva que a selva de um menino. É o tema de Mogli - O Menino Lobo 2. O apelo selvagem, a busca do primitivo, devolve Mogli à selva, onde Shere Khan está à sua espera, disposto a vingar-se. É um filme sobre afetos. E sobre perdas necessárias para o amadurecimento emocional do jovem herói. Na selva, também se encontram Balu e Baguera, que morrem de saudade de Mogli. O reencontro é efusivo. Mogli chega a sugerir a Balu que assuste a garota, para que ela se afaste dele, mas aí Shere Khan não apenas encurrala a jovem heroína, Shanji, mas também o meio-irmãozinho de Mogli, Ranjan. É o momento de escolher se ele volta à selva ou permanece com os homens. Num contexto mais dramático, esse mesmo tema do conflito entre o instinto e a cultura repressora já foi tratado por diretores como François Truffaut (O Garoto Selvagem), Werner Herzog (O Enigma de Kaspar Hauser) e o próprio Hugh Hudson (Greystoke - A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva). Ruthermann e, agora, Trenbirth o tratam, como desenho, de forma mais leve, buscando o público infantil. Carregam nas tintas do conflito entre o bem e o mal, fazendo de Shere Khan um vilão assustador, mas nem ele é punido com a morte, o que não deixa de ser uma opção narrativa interessante. Há muitas canções, demasiadas até, mas o fascínio dos personagens permanece. No final, Balu libera Mogli, mas no último momento há uma reviravolta que mostra como os afetos persistem e superam barreiras. É sempre o tema da Disney, a busca do entendimento, a aceitação da diferença. É uma utopia para crianças e adultos que não assassinaram sua infância, sem respaldo na realidade. Professa-se, hoje, uma cultura do ódio. A versão original, com legendas, traz as vozes de John Goodman, como Balu, e o garoto Haley Joel Osment, de O Sexto Sentido e A.I. - Inteligência Artificial, como Mogli.

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