MIS abre ciclo de comédia italiana

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Por Agencia Estado
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O Museu da Imagem e do Som (MIS) abre nesta quarta-feira, às 19 horas, um ciclo de comédias italianas, com um debate entre o diretor Ugo Giorgetti (Boleiros) e o cônsul-adjunto da Itália, Carlos Schilatti. Segundo a Assessoria de Imprensa do MIS, a idéia do ciclo foi sugerida pelo consulado, que cedeu os filmes. Serão oito longas-metragens: Em Busca do Paraíso, de Mário Monicelli; Caro Diário, de Nanni Moretti; Caros F... Amigos, de Monicelli; O Incrível Exército de Brancaleone, também de Monicelli; O Pequeno Diabo, de Roberto Benigni; Parente É Serpente, de Monicelli, Volere Volare, de Maurizio Nichetti; e A Voz da Lua, de Federico Fellini. Para Ugo Giorgetti, os destaques são O Incrível Exército de Brancaleone e Parente É Serpente. "Brancaleone é um dos melhores filmes do diretor Monicelli e, desse lote que o MIS vai exibir é, seguramente, o mais representativo da comédia italiana", explica ele. Monicelli estará representado por quatro trabalhos. Em Brancaleone, Vittorio Gassman faz um cavaleiro, visivelmente inspirado em Dom Quixote, de Cervantes, que monta um pequeno exército de desajustados, que atravessa a Europa em busca de um feudo. Já Parente É Serpente mostra que o diretor envelheceu (tinha 80 anos), mas não perdeu a boa forma. Trata-se de uma comédia corrosiva, que disseca a falsidade das relações entre os membros de uma família. Caros F. Amigos e Em Busca do Paraíso não estão entre os melhores trabalhos de Monicelli, mas merecem atenção. A Voz da Lua é o último filme de Fellini e considerado por muitos críticos como o mais fraco da vasta filmografia desse que é talvez o mais importante diretor italiano. "Na verdade, nem poderia ser considerado comédia", conta Giorgetti, que atribui essa classificação à presença do comediante Roberto Benigni como ator principal. O Pequeno Diabo é dirigido e estrelado por Benigni e conta a história de um padre que tem problemas com o Demônio. Caro Diário é considerado o melhor filme de Nanni Moretti. Em três episódios, ele discute o assassinato de Pier-Paolo Pasolini, a ditadura da TV e a doença. Itália - O ciclo é uma boa oportunidade para se discutir o atual estágio do cinema italiano. "Ele já foi o mais importante da Europa, mas decaiu muito nos últimos anos", afirma Giorgetti, dando o tom do que poderá ser o debate. "Entre os anos 50 e 80, esse cinema viveu uma fase extraordinária, ganhando inúmeras vezes o Festival de Cannes, por exemplo". Para ele, a Itália é tradicionalmente satírica. "Isso vem desde o Renascimento, com os textos de Bocage", lembra. "Quando falou sério, o cinema italiano também se saiu muito bem, com inúmeras obras-primas no período do neo-realismo". Para Giorgetti, a questão é entender o que houve com o público do cinema italiano na própria Itália. "Sem a presença dos espectadores, nenhum cinema se sustenta", afirma. É um fenômeno a ser estudado. "Nos bons tempos, mesmo um filme difícil como Morte em Veneza, de Luchino Visconti, ficava muitas semanas em cartaz, ao passo que hoje, raros filmes italianos conseguem esse feito". Giorgetti levanta outra questão importante: os recentes sucessos não abordam temas italianos. A Vida É Bela, por exemplo, trata da questão do holocausto, o que é uma mudança radical em uma escola que sempre retratou a realidade de seu país, com filmes como Roma Cidade Aberta, Ladrões de Bicicletas e tantos outros. O debate deve durar duas horas e em seguida será exibido o filme O Incrível Exército de Brancaleone. O MIS fica na Avenida Europa, 158, Jardim Europa, telefone (0--11) 280-0896.

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