"Minority Report": autor morreu desconhecido

A fama de Philip K. Dick só cresceu meses após a sua morte, em 1982, com o lançamento de Blade Runner, o Caçador de Andróides, de Ridley Scott

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Por Agencia Estado
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Quando morreu, em 1982, o escritor Philip K. Dick era conhecido por poucos, apesar de ter escrito 36 romances e mais de cem contos. A fama só veio meses depois de sua morte, com o lançamento do filme Blade Runner, o Caçador de Andróides, de Ridley Scott, inspirado em uma de suas novelas (Do Androids Dream of Electric Sheep?). Um sucesso que despertou a atenção de outros produtores, ávidos pela sua ficção científica inteligente. Assim, vieram Screamers - Assassinos Cibernéticos, um filme B com Peter Weller; O Vingador do Futuro, de Paul Verhoeven; e, agora, Minory Report, de Spielberg (A Scanner Darkly é o próximo da lista, com direção de Richard Linklater). Nascido em Chicago, em 1928, Dick, apaixonado por música, empregou-se em uma loja de discos e produziu um programa em uma emissora de rádio da Califórnia. Logo se destacou por atitudes incomuns - iniciou um curso universitário, mas não concluiu porque "havia gente demais fumando e lendo o Daily Cal, o que não me permitia ouvir os professores". Descobriu a ficção científica por engano, aos 12 anos, quando comprou a revista Stirring Science Ficcion em vez de Popular Science. Mais velho, sofreu com estranhos problemas, como ouvir freqüentemente vozes e ter visões, muitas vezes banhadas por uma misteriosa luz rosa. Seus escritos literários, porém, foram saudados por poucos, mas interessados estudiosos em histórias fantásticas, como o influente teórico de crítica literária Fredric Jameson, que o saudou como o "Shakespeare da ficção científica". Embora exagerada, a comparação justificava-se nos escritos - Dick destacou-se pelas histórias visionárias pós-modernistas, uma espécie de profeta da realidade virtual. Apesar de delirantes, os enredos remetem o leitor a um mundo hipotético, mas plenamente convincente, que retratam de forma sombria a vida da classe trabalhadora. O Homem do Castelo Alto, editado pela Brasiliense e que apresenta um mundo governado pelos nazistas, é uma de suas principais obras. Livros pelos quais recebia meros US$ 1.500 até ser descoberto postumamente pelo cinemas.

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