A ministra de Assuntos Exteriores da Suíça, Micheline Calmy-Rey, admitiu nesta terça, 29, que talvez houve "falta de tato" na detenção do cineasta franco-polonês Roman Polanski em Zurique, mas não mostrou dúvidas sobre a legalidade jurídica da medida.
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"Existe um tratado de extradição com os EUA, e a Suíça respeita os tratados", disse Calmy-Rey em Berna, em suas primeiras declarações sobre o caso.
No entanto, acrescentou que o fato de utilizar o convite realizado a Polanski pelo Festival de Cinema de Zurique - que entregaria ao cineasta um prêmio por toda sua carreira - para detê-lo logo após aterrissar na cidade "demonstra uma falta de tato".
Calmy-Rey acrescentou que seu departamento não tinha sido informado antecipadamente da intenção do Ministério da Justiça de deter Polanski em virtude da ordem de detenção cursada pelos Estados Unidos.
O cineasta, de 76 anos e detido desde sábado em Zurique, apresentou um recurso contra sua detenção perante o Tribunal Penal Federal, situado na localidade suíça de Bellinzona.
Polanski foi detido ao chegar a Zurique em resposta à ordem de busca e captura apresentada pelos EUA em relação a um caso de relação sexual com uma menor de 13 anos ocorrido em 1977, do qual o diretor se declarou culpado na época e motivo pelo qual nunca voltou a pisar em solo americano.
O advogado francês do diretor, Hervé Temime, disse ontem que pediria a libertação de Polanski, mesmo que fosse com fiança ou outras condições.
O porta-voz do Ministério da Justiça suíço, Guido Balmer, não excluiu a possibilidade de uma liberdade sob fiança para Polanski, mas destacou que é concedida poucas vezes na Suíça.