O ator Paul Giamatti impregna seu personagem, Barney Panofsky, de tanta verdade que se tem permanentemente a impressão de estar assistindo a uma cinebiografia calcada em fatos reais em A Minha Versão do Amor. Mérito desse ator extraordinário, que dá uma vida plena ao protagonista da versão cinematográfica do romance do canadense Mordecai Richler. Essa atuação impecável deu ao ator o Globo de Ouro 2011 - e ficou faltando uma indicação ao Oscar. Nada que abale realmente Giamatti, que consegue transitar entre as várias fases e idades de Barney, da juventude à velhice, com uma desenvoltura exemplar. Barney não é uma figura simples de entender, nem fácil de gostar. Produtor de TV tresloucado, boêmio e um tanto chegado à bebida e às mulheres, ele leva sua vida como um turbilhão permanente. Jovem, casou-se em Roma com Clara (Rachelle Lefevre), vivendo a batida dos loucos anos 1960, com muito sexo, drogas e rock'n roll. Nada disso dura, e eis Barney caminhando para um segundo casamento, com uma mulher judia como ele, convenientemente educada e rica (Minnie Driver). O choque cultural não é tanto entre o noivo e os sogros esnobes (Harvey Atkin e Linda Sorenson), mas entre estes e o pai de Barney - o policial Izzy (Dustin Hoffman), um sujeito simplório, cafona e sem noção, capaz de contar-lhes piadas sujas em plena festa de casamento.